“Desventuras em Série”, o novo seriado original da Netflix, estreou na última sexta-feira (13) —a data não foi por acaso. Baseado nos 13 livros (olha aí o número da superstição de novo) de Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler), o programa vem acalentar quem curte as obras literárias e quem gostou do filme de 2004, que nunca ganhou continuação, infelizmente.
A notícia é boa para os fãs das duas versões: com oito episódios na primeira temporada, a série discorre sobre as desventuras dos órfãos Baudelaire com mais detalhes e lembra (muito!) o longa-metragem. Vai bater aquela nostalgia.
Se você está por fora de “Desventuras em Série”, não se afobe: essa matéria também é para você. Aí vai uma breve sinopse: Violet, Klaus e Sunny Baudelaire são irmãos e herdeiros de uma grande fortuna. Os três viram órfãos quando seus pais morrem em um incêndio misterioso que destruiu a mansão onde moravam. Sem nenhum parente próximo, os Baudelaire acabam passando de tutor em tutor, sempre perseguidos pelo ardiloso Conde Olaf, que quer colocar as mãos na fortuna das crianças.
Veja abaixo nove grandes qualidades da série que vão fazer com que você queira acompanhar as aventuras e sofrimentos dos azarados Baudelaire.
1. A ABERTURA
Vamos começar pelo começo… A abertura do seriado é ótima. Neil Patrick Harris, que interpreta Conde Olaf e é também produtor do programa, canta o tema e repete incansavelmente o verso “Look away” (em português, traduzido para “é melhor não olhar”). Ele avisa várias vezes que a história não é agradável, que os espectadores deveriam desligar a televisão ou assistir a outra coisa. É quase uma psicologia reversa.
É divertido que detalhes da música vão sendo trocados para acompanhar a história dos Baudelaire: é um jeito de lembrar você em que pé está a história, o que é bem útil.
2. NEIL PATRICK HARRIS
Sim, Neil Patrick Harris (o eterno Barney de “How I Met Your Mother”) é o grande chamariz da série e não poderia deixar de ser citado aqui. Mas é importante salientar que ele não é o destaque supremo do programa, que tem outras qualidades e outros atores ótimos no elenco.
Patrick Harris interpreta o ardiloso vilão Conde Olaf. Ele vive em uma casa caindo aos pedaços e é um ator de quinta categoria, assim como o restante da sua trupe teatral. Ganancioso, ele vê a oportunidade de colocar as mãos na enorme fortuna dos Baudelaire ao convencer o senhor Poe (K. Todd Freeman), responsável pelos órfãos, a adotar Violet, Klaus e Sunny. Mas o dinheiro só será liberado quando Violet for maior de idade, e Conde Olaf traça terríveis planos para contornar esse pequeno inconveniente.
Ele persegue os protagonistas à medida que vão passando de tutor em tutor. Sempre usa um disfarce —que nunca engana as crianças, mas parece enrolar as outras pessoas— para tentar conseguir a guarda dos órfãos.
Patrick Harris dá vida a um Olaf engraçado e mais sombrio (veja abaixo). Mesmo assim, a saudade de Jim Carrey, que interpretou o vilão no filme, não passou.
3. OS ATORES-MIRINS
Aqui, sim, a série em nada deve ao filme. Os atores do longa-metragem eram ótimos, e os intérpretes do seriado não perdem em nada para eles. Malina Weissman vive Violet Baudelaire. Com 14 anos, Violet é a mais velha dos irmãos. É inteligente e uma ótima inventora —deixaria McGyver com inveja. Você logo vai aprender que quando Violet prende o cabelo, vem boa invenção por aí.
Louis Hynes interpreta Klaus, o irmão do meio e único homem. Aos 12 anos, ele já leu mais livros do que você lerá na vida inteira. E ainda se lembra perfeitamente de todos eles, é quase uma enciclopédia ambulante. O que vem bem a calhar quando so Baudelaire precisam colocar teorias em prática.
Deixamos a melhor personagem por último. A fofíssima Persley Smith dá vida à bebê Sunny. O talento dela é basicamente morder qualquer coisa. Sunny apenas emite aqueles barulhinhos de bebê, mas Violet e Klaus conseguem entendê-la. E nós, o público, também, graças a legendas. E ainda bem que a gente entende: Sunny é a pessoa mais sincera da série e fala tudo o que quer na cara das pessoas —provavelmente porque sabe que elas não vão entender.
4. PATRICK WARBURTON
Warbuton interpreta o escritor Lemony Snicket, que narra a série de desventuras dos órfãos Baudelaire. Não se sabe muito sobre ele, só que ele estudou muito a história das crianças e que perdeu sua amada Beatrice.
Essa dica é mais para fãs do desenho “Family Guy”: Warburton dá voz ao policial Joe. Sim, depois que você perceber isso, vai parecer que o Joe está narrando o seriado.
5. A DIREÇÃO DE ARTE
“Desventuras” deve ter sido bem cara, mas ficamos bem felizes em ver que o dinheiro foi bem gasto. Os figurinos e os cenários são maravilhosos. O tratamento em cores pastéis funciona para dar o tom triste que a obra pede.
A direção de arte é de Bo Welch, que também trabalhou em filmes como “MIB – Homens de Preto”, “Edward Mãos de Tesoura” e “Thor”.
Há ainda efeitos em computador, coisa rara para as séries, com exceção notável de “Game of Thrones” e “Westworld”.
6. WILL ARNETE E COBIE SMULDERS
Direto de “Arrested Development” e “How I Met Your Mother”, respectivamente, Will Arnett e Cobie Smulders fazem participações especiais e representam o Pai e a Mãe. Antes que você comece a xingar: isso não é spoiler, eles aparecem desde o primeiro episódios, em cenas bem curtinhas, mas bem legais.
7. A SÉRIE É SOMBRIA
O seriado agrada tanto a adultos quanto a crianças, mas é inegável que ele é bem mais sombrio do que o filme —e não só no visual.
Tem menos piadinhas, tem literalmente cores mais escuras e tem situação mais desagradáveis. Logo no primeiro episódio, por exemplo, Conde Olaf dá uma bela bofetada no rosto de Klaus.
8. JOAN CUSACK
Não confundir com o John Cusack, que é irmão dela e tem quase o mesmo nome:
Joan Cusack interpreta a juíza Strauss, que foi vivida por Catherine O’Hara no filme (veja abaixo). Ela é amável com as crianças, mas o seu desejo utópico de virar atriz pode colocar tudo a perder.
É legal ter Joan na série. Nos faz lembrar de obras que marcaram nossa infância, tipo “Toy Story 2” (ela dubla a vaqueira Jessie) e “A Família Addams 2”.
9. CATHERINE O’HARA
Catherine é a única atriz que esteve no filme “Desventuras em Série” e que também está no seriado. No longa, ela interpretou a juíza Strauss, que agora é papel de Joan Cusack, e agora dá vida à doutora Georgina Orwell, que vai fazer a vida das crianças ainda mais difícil.
Por que Catherine O’Hara é um ponto alto da série? Como não seria? Como não amar? Ela está de novo marcando a vida de crianças e de adolescentes depois de ter marcado a nossa lá pelos anos 90: foi a mãe de Kevin (a.ka. Macaulay Culkin) em “Esqueceram de Mim” (1990), dublou a Sally de “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e foi a mãe de Lydia em “Os Fantasmas se Divertem” (1988).