“Fragmentado”, que estreia nesta quinta (23/3), mostra que o diretor e roteirista M. Night Shyamalan se recuperou. Responsável por bons suspenses, como “O Sexto Sentido” (1999) e “Corpo Fechado” (2000), ele teve uma fase ruim, a partir de sofrível “A Dama d’Água” (2014). Depois de lançar o empolgante “A Visita” (2015), o cineasta agora cria mais um longa de qualidade.
Em “Fragmentado”, Anya Taylor-Joy (de “A Bruxa”) interpreta a adolescente Casey. Solitária e deslocada, ela está saindo de uma festa (para a qual foi meio forçada) com outras duas colegas de escola, Claire e Marcia. As três são sequestradas e dopadas por um homem (James McAvoy).
James McAvoy como a identidade Hedwig, um menino de nove anos (Foto: Divulgação)
Quando acordam, estão presas em um quarto escuro, sem janelas. Seu captor diz chamar-se Dennis. Mas ele logo aparece novamente, bem diferente: ora está vestido de mulher e diz se chamar Patricia, ora comporta-se como criança e se chama Hedwig.
O filme intercala as cenas das meninas com as do próprio sequestrador. Assumindo a personalidade de Barry, ele vai à psiquiatra, a dra. Fletcher (Betty Buckley). É por meio da conversa deles que o espectador descobre que o homem, na realidade, é Kevin. E ele tem 23 identidades diferentes dentro de si.
O problema é que algumas personalidades tomaram o controle, fazendo-o sequestrar as adolescentes. E são elas que anunciam a má notícia às reféns: uma 24ª identidade, a quem chamam de “A Fera”, está surgindo.
“Fragmentado” tem, principalmente, duas qualidades muito fortes. A primeira é a incrível atuação de James McAvoy: no filme, ele interpreta oito das 23 identidades de Kevin —e, apenas pela sua expressão corporal e facial, o público sabe quando uma identidade vai embora e a outra assume.
A segunda, e não menos importante, é a consistência dos personagens. Shyamalan dá um ótimo embasamento para o distúrbio de Kevin e também para a instrospecção e comportamento de Casey.
Diferente de muitos filmes de sua carreira, como “O Sexto Sentido” e “A Vila”, Shyamalan não se viu na obrigação de dar um final mega surpreendente a “Fragmentado”. Mas a última cena certamente agradará e fará sentido para quem conhece a cinegrafia do diretor.
Avaliação: Muito bom.
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