Na Segunda Guerra Mundial, as tropas britânica e francesa ficaram encurraladas em Dunkirk, cidade litorânea da França: de um lado, o mar; do outro, o exército alemão. Christopher Nolan (da ótima trilogia “Batman” e de “A Origem”) baseou-se nesse fato real para roteirizar e dirigir “Dunkirk”, que estreia nesta quinta (27).
Entre tantos filmes de guerra já feitos, “Dunkirk” destaca-se como ótimo —e tem potencial para ser bastante cultuado e tornar-se obra-prima daqui a uns anos. A grande sacada do roteiro é dividir o filme em três tempos diferentes.
Da esq., os atores Harry Styles (que também é cantor), Aneurin Bernard e Fionn Whitehead (Foto: Divulgação)
O primeiro dura uma semana e retrata o jovem soldado Tommy (interpretado por Fionn Whitehead) na praia que, ao lado de seus colegas, espera ser salvo por navios aliados, enquanto precisa aguentar bombardeios de aviões alemães.
O segundo dura um dia e mostra o Sr. Dawson (Mark Rylance), seu filho e o aprendiz George, que sobem a bordo de seu barco —simples, de pesca— e decidem navegar até a costa de Dunkirk para ajudar no resgate das tropas. No meio do caminho, eles ajudam um soldado (Cillian Murphy) que, traumatizado com a batalha, se recusa a voltar ao conflito para resgatar mais gente.
O terceiro ocorre em apenas uma hora, no ar: Farrier (Tom Hardy) e Collins (Jack Lowden) são pilotos que tentam abater os aviões alemães que tanto bombardeiam a praia e os navios de resgate.
O formato é muito interessante, porque é possível assistir aos mesmos fatos por pontos de vista de personagens diferentes. E em certo momento do filme, claro, todas as três histórias se cruzam.
Outro bom diferencial de “Dunkirk” é que nenhum personagem é exatamente um herói de guerra —os soldados, aliás, estão encurralados e com medo. É claro que o piloto Farrier e o civil Sr. Dawson levam créditos pela bravura, mas o longa não tem a figura de um soldado heróico e memorável, como ocorreu, por exemplo, com o personagem de Tom Hanks em “O Resgate do Soldado Ryan” ou com o de Andrew Garfield no mais recente “Até o Último Homem”.
Nolan limitou-se a retratar seus personagens apenas na guerra: não sabemos nada sobre suas famílias e nem sobre suas vidas antes do conflito. “Dunkirk” não apela, portanto, ao sentimento de pena do público. O que é um grande acerto: esse formato já foi usado incansavelmente em filmes de guerra e é ultrapassado, e Nolan mostra que, afinal, isso nem é necessário para que a plateia torça e se identifique com os personagens do filme.
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