‘Bingo – O Rei das Manhãs’: 5 razões para ver o filme sobre o palhaço Bozo

Quem não se lembra do palhaço Bozo? De forma um tanto "disfarçada", "Bingo" resgata a trajetória do popular apresentador de TV


“Bingo – O Rei das Manhãs”, dirigido por Daniel Rezende, estreou no Brasil na semana passada. O filme tem apelo a quem era criança na década de 1980: mesmo com marcas e nomes de personagens alterados, a trama resgata a trajetória de Arlindo Barreto, que não podia contar a ninguém que ele era o palhaço Bozo, responsável por animar as manhãs das crianças em um programa ao vivo, campeão de audiência.

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Leandra Leal e Vladimir Brichta em cena (Foto: Divulgação)

Interpretado por Vladimir Brichta, Arlindo vira Augusto, um ex-astro de pornochanchadas que topa encarnar o palhaço Bingo em um modelo de programa televisivo vindo dos Estados Unidos.

Confira abaixo cinco razões para que você coloque “Bingo – O Rei das Manhãs” no topo da sua lista de filmes a serem vistos.

1. A ATUAÇÃO DE VLADIMIR BRICHTA

Comecemos pelo principal: o protagonista. Vladimir Brichta, na verdade, interpreta dois personagens. É como se fosse uma metalinguagem de atuação. Ele é Augusto Mendes, um ator de pornochanchadas que consegue o papel de Bingo, em um programa infantil que está sendo importado dos Estados Unidos. Ao entrar na roupa e passar a maquiagem de Bingo, Augusto (e, por consequência, Vladimir também) vira outro personagem.

Vale lembrar que a identidade do palhaço Bingo precisava ser conservada a todo custo – era uma exigência que vinha dos Estados Unidos (onde o programa já era líder de audiência há anos) e que, caso fosse desrespeitada, resultaria em uma quantia estrondosa em processos.

É ótimo ver a ótima mudança de Vladimir entre Augusto e Bingo – que, aliás, precisa lidar com crianças marrentas em um programa ao vivo.


2. AS REFERÊNCIAS DISFARÇADAS (OU NEM TANTO)

A produção de “Bingo” resolveu não usar nomes ou marcas reais, para preservar a liberdade criativa da obra e acabar não tropeçando em burocracias de direito autoral. Para quem via TV nas décadas de 1980 e 90, é muito divertido identificar as referências – que nem foram tão disfarçadas assim, verdade seja dita.

Bozo, claro, virou Bingo. Arlindo virou Augusto.

A Rede Globo virou Mundial. O nome é diferente, mas é inconfundível: no filme, a Mundial é tratada como “dama prateada”, enquanto a Globo tinha o apelido de “Vênus platinada”. O SBT, por sua vez, virou TVP. 

Tem uma certa apresentadora loira, que era muito popular entre as crianças da época, que se chama Lulu.

Só a Gretchen é que continuou sendo Gretchen mesmo.


3. AQUELA INFÂNCIA LEVEMENTE DESTRUÍDA

“Bingo – O Rei das Manhãs” vai fundo na vida de Arlindo Barreto. Escondido por trás da maquiagem do Bozo, ele não podia jamais contar que era ele quem encarnava o palhaço.

Toda essa proteção forçada à sua imagem contribuiu para que ele caísse em uma vida de excessos: Arlindo (ou Augusto, no filme) abusou do álcool e da cocaína, que, inclusive, consumia no camarim do programa infantil.

Nós sabemos que o consumo de drogas e álcool é comum entre grandes artistas – mas isso não deixa de fazer com que a magia da nossa infância seja um pouco quebrada.


4. O ROTEIRO DE LUIZ BOLOGNESI

A assinatura no roteiro de “Bingo – O Rei das Manhãs” deveria ser o suficiente para fazer com que qualquer pessoa queira ver o filme.

Luiz Bolognesi é o responsável por ótimas obras nos últimos anos: “Bicho de Sete Cabeças” (2001) , “As Melhores Coisas do Mundo” (2010), “Elis” (2016) e a animação “Uma História de Amor e Fúria” (2013), entre outros. Só coisa boa.


5. A PARTICIPAÇÃO DA CIA. LA MÍNIMA

No filme, Augusto Mendes tem dificuldades quando começa a interpretar Bozo – e passa a desagradar Peter Olsen, o norte-americano que está coordenando a vinda do programa para o Brasil.

Com medo de perder o papel, o ator vai buscar a ajuda de palhaços que estão se apresentando num circo local.

O mais legal é que a trupe de palhaços do filme é também uma ótima trupe na vida real: trata-se da companhia La Mínima. Em participação especial, aparecem Domingos Montagner (1962-2016) e Fernando Sampaio, fundadores do grupo.