‘Les Misérables’: 8 qualidades que valem o ingresso do espetáculo musical

O ingresso para ver o espetáculo musical "Les Misérables" não é barato, é verdade. Mas nós te damos 8 bons motivos para investir nessa


O musical “Les Misérables”, importado da Broadway, está em cartaz em São Paulo, no Teatro Renault – a temporada foi prolongada até dezembro.

Os ingressos inteiros custam de R$ 50 a R$ 330 – caros, é verdade. Ainda mais em tempos de crise, é comum que as pessoas pensem três vezes antes de gastar essa grana.

Por isso, o Culturice selecionou 8 motivos pelos quais “Les Misérables” vale o investimento.

Baseado no livro homônimo de Victor Hugo, o espetáculo conta a história de Jean Valjean, interpretado pelo espanhol Daniel Diges. (Aqui, vai a única observação negativa, sem tirar o mérito do ator, que aprendeu a cantar em português: o sotaque atrapalha um pouco e, por vezes, não dá para entender o que ele canta.)

Na França pós-Napoleão, devastada e em crise, Valjean é preso por roubar um pão. Quando consegue liberdade condicional, ele decide fugir, trocar de nome, e recomeçar sua vida. Mas o inspetor Javert (Nando Pradho) o persegue por anos.

Confira nossa lista abaixo e economize o dinheiro para o ingresso – vale a pena.

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LES MISÉRABLES

Onde: Teatro Renault. Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista, São Paulo.
Quando: Quintas e sextas, às 21h. Sábados, às 16h e às 21h. Domingos, às 15h e às 20h. 160 min. Livre. Até 10/12.
Quanto: R$ 50 a R$ 330 (ingressos inteiros), pelo site ticketsforfun.com.br.

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Cena de "Les Misérables", em cartaz no Teatro Renault (Foto: Marcos Mesquita/Divulgação)

8 MOTIVOS PARA VER “LES MISÉRABLES”

1. O TEXTO MUSICADO

“Les Misérables” é uma aula de musical – não à toa, é o preferido entre muitos fãs do gênero. Em um musical, as canções devem ser parte ativa da narrativa. Em “Les Mis”, no entanto, elas são a narrativa: praticamente não há diálogos falados, apenas músicas. As letras do sul africano Herbert Kretzmer, residente em Londres, traduzem com uma beleza sem igual o livro épico de Victor Hugo. No Brasil, o texto foi traduzido por Claudio Botelho. 


2. O EMBATE ENTRE A JUSTIÇA E A COMPAIXÃO

Uma das mais belas mensagens do livro “Les Misérables” é muitíssimo bem abordada no espetáculo musical. Jean Valjean foi preso e condenado a trabalhos forçados por roubar um pão, pois o sobrinho tinha fome. Ao sair em liberdade condicional, ele não consegue trabalho, porque leva o estigma do crime – que foi leve, é verdade, mas ninguém se importa.

Em uma das cenas mais comoventes da peça (prepare o lenço), um bispo o salva: ele perdoa Valjean por tentar roubar sua prataria e pede para que, dali para a frente, ele seja um homem honesto. Valjean muda de nome e vai vier em outra cidade, onde vira prefeito e abre uma fábrica, dando emprego a centenas de pessoas que precisavam muito de trabalho.

Por outro lado, temos o inspetor Javert (leia mais abaixo), que tem o cumprimento do seu dever como prioridade – assim, ele caça Valjean a todo custo, sem se importar com a bondade do homem. Para ele, Valjean cometeu um crime e fugiu e precisa pagar por isso – simples assim.

“Les Misérables” mostra ao público que, às vezes, nem tudo é assim, tão preto no branco. E que o julgamento que fazemos dos outros pode ser muito rígido e, assim, injusto.


3. NANDO PRADHO

No décimo musical de sua carreira, Pradho vinha se dedicando à carreira na TV e não participava de um espetáculo musical desde “Miss Saigon”, em 2007. Ele retorna ao gênero em grande estilo ao interpretar o antagonista inspetor Javert. 

Com ótima atuação (e canto, claro), o ator consegue dar o peso que o personagem pede – já que é um dos mais complexos da obra: ele tem um embate interno e constante ao pesar o seu dever como oficial da lei e o seu lado sentimental.

Em sua última cena, em particular, Pradho dá um show. Confira uma das canções interpretadas por ele no vídeo abaixo.


4. KACAU GOMES

Quem gostava da animação “Mulan”, da Disney, quando era criança já conhece bem a voz de Kacau: ela dublou a heroína chinesa. Mais recentemente, também deu voz a Tiana, de “A Princesa e o Sapo”, também da Disney.

Em “Les Mis”, Kacau interpreta Fantine – que, pela sua triste trajetória de vida, personifica os “miseráveis” do título. Fantine trabalha na fábrica de Jean Valjean, mas é demitida depois que as colegas descobrem que ela é mãe solteira e que manda dinheiro a um casal que cuida de sua filha.

Desempregada em uma França em crise, ela vende todos os pertences e até o cabelo para conseguir sustentar a filha. Sem mais opções, ela se prostitui.

Kacau Gomes tinha um enorme desafio pela frente: cantar “I Dreamed a Drem” (em português, “Eu Tive um Sonho”), que é a canção mais icônica de “Les Misérables”. Nessa e em todas suas outras cenas, a atriz se mostra excelente.

Além do canto, a dicção dela também é perfeita. Sabemos que, às vezes, é difícil entender o que os atores de musicais cantam – seja pelo ritmo ou pela orquestra, que por vezes encobre a voz. Mas o canto poderoso de Kacau supera tudo isso.


5. LAURA LOBO

Laura Lobo está no elenco de “Les Mis” pela segunda vez: em 2001, quando o musical estreou em São Paulo, ela interpretou Cosette quando criança. Agora, assume o papel de Éponine.

A atriz já tinha se destacado ao interpretar Wandinha em “A Família Addams”, em 2012. Em “Les Mis”, ela confirma mais uma vez que segura muito bem um papel grande. Éponine, filha dos Thénardier (leia abaixo), vive dando pequenos golpes com os pais. Mas ela tem bom coração e sofre por amar o jovem Marius, que não corresponde seu sentimento.

Laura é particularmente excelente no solo “Só para Mim” (veja no vídeo abaixo).


6. OS THÉNARDIER

São os vilões que amamos odiar. Interpretados pelos ótimos Ivan Parente e Andrezza Massei, são o casal que cuida se Cosette quando pequena.

Eles têm uma pousada na qual, com mão bem leve, roubam os hóspedes e tiram deles a vantagem que conseguem. A canção “Seu Anfitrião” (“Master of the House”, no original) é divertidíssima.

No segundo ato, os Thénardier perderam tudo e vivem na rua, aplicando golpes em quem chega perto deles. Mas continuam com bom humor.


7. O CENÁRIO

Idêntico ao usado na Broadway, em Nova York, o cenário do espetáculo é a maior diferença entre esta montagem atual – que comemorou os 25 anos da peça, em 2010 – e a antiga.

Com construções sóbrias, ele é capaz de transmitir o contraste enorme entre as classes sociais na França, que passava por uma crise. Por um lado, a casa de Jean Valjean e Cosette, por exemplo, é linda; por outro, os prédios da rua são decadentes.

O cenário conta com pinturas do próprio Victor Hugo, projetadas ao fundo do palco – por vezes, elas são animadas: uma água que se move ou uma estrela que pisca.

As projeções, aliás, são belas e complementam bem o ambiente das cenas.


8.  A ILUMINAÇÃO

Está aí um fator fundamental para espetáculo e, muitas vezes, subestimado.

A iluminação é dos maiores trunfos desta nova montagem de “Les Misérables”. Ela complementa o cenário em tons escuros, mas belos.

Na cena da luta dos estudantes na barricada (assista abaixo), é a iluminação que dita todo o ritmo: os fachos de luz, por exemplo, evidenciam a morte de cada um deles. É uma das cenas mais belas dos espetáculos musicais.