“Mãe!”, que estreou nesta semana, não é um filme que simplesmente entretém: não é um longa para ver ao fim do dia, relaxar e dar umas boas risadas. “Mãe!” é denso e não entrega nada mastigado para o público – tudo precisa ser interpretado.
O roteirista e diretor Darren Aronofsky (de “Cisne Negro” e “Réquiem para um Sonho”) apresenta a história de um casal (interpretado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem) que vive em uma casa isolada.
A moça – vamos chamá-la simplesmente de Mãe, já que nenhum personagem tem nome – se empenha para reformar a casa, que era do marido, mas foi parcialmente destruída por um incêndio. “Quero fazer desse lugar um paraíso”, ela diz.
Aqui, entra a nossa única dica para a interpretação do filme: baseie-se nessa fala da Mãe e pense no filme como a criação da humanidade. Se você já viu o filme e quer entender exatamente o que as cenas significam, clique aqui.
O personagem de Javier Bardem,vamos chamá-lo de Marido, é um escritor que lida com um certo bloqueio criativo. Ele oferece abrigo para um homem estranho (Ed Harris), que apareceu no local pensando que era uma pousada. Mesmo contrariada, Mãe concorda em deixá-lo dormir na sua casa. Mas, no dia seguinte, chega a mulher dele (Michelle Pfeiffer). E, depois, os dois filhos do casal (vividos pelos irmãos Brian Gleeson e Domhnall Gleeson).
Quando o Marido finalmente consegue terminar o seu poema, tudo realmente desanda: fãs ensandecidos começam a aparecer na casa. Para o desespero da Mãe, o Marido acolhe todos e diz que tudo deve ser compartilhado.
O público vai se desesperando junto com a Mãe – afinal, o ponto de vista que guia o filme é dela. Ela pede para que o Marido mande as pessoas embora (mas como mandar embora um povo que o adora tanto?) e sofre quando vê a casa, que ela reconstruiu com tanto cuidado, ser destruída por um bando de gente mal educada, fanática e inconsequente.
O filme perturba, sim, pelas cenas violentas e pelo desrespeito daquelas pessoas em relação à Mãe. Mas o mais perturbador é o seguinte: se “Mãe!” é uma grande metáfora para a criação da humanidade, Deus falhou – e nós, os homens, somos o Seu maior erro.
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