Crítica | Em ‘Detroit em Rebelião’, Kathryn Bigelow causa tensão do começo ao fim

Da diretora de "Guerra ao Terror" e "A Hora Mais Escura", "Detroit em Rebelião" é baseado em fatos reais e fala sobre racismo e abuso da força policial


Já é marca da diretora Kathryn Bigelow: ela gosta de causar tensão nos espectadores que assistem aos seus filmes, do começo ao fim. Foi assim em “Guerra ao Terror” (2008; vencedor do Oscar de melhor filme) e em “A Hora Mais Escura” (2012). E assim é em “Detroit em Rebelião”, que estreia nesta quinta (12/10).

O filme mostra qualidade logo nas primeiras cenas. Uma animação – muito bonita – retoma a trajetória dos negros em território americano, desde a escravidão até 1967, ano no qual a trama é ambientada.

Baseado em fatos reais, o longa retrata os contínuos motins que ocorreram em Detroit, cidade superpopulosa habitada majoritariamente por negros, que vivem à margem da sociedade. Além da polícia civil, vão às ruas a Guarda Nacional de Michigan e o Exército.

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Will Poulter vive o policial Krauss (Foto: Divulgação)

Nesse contexto turbulento, o filme acompanha alguns personagens: o músico Larry (Algee Smith) e seu empresário, Fred (Jacob Latimore), o segurança noturno Dismukes (John Boyega, de “Star Wars”) e o ex-soldado Greene (Anthony Mackie, de “Vingadores – A Era de Ultron”), entre outros. As histórias deles se cruzam no motel Algiers.

Lá, Larry e Fred conhecem Julie (Hannah Murray) e Karen (Kaitlyn Denver), duas meninas brancas que estão visitando Detroit. Elas os apresentam a outros amigos, todos negros, que também estão hospedados no motel.

Mas um desses amigos, Karl (Jason Mitchell, de “Straight Outta Compton”), faz a brincadeira inconsequente de atirar com balas de festim em direção à polícia, da janela do hotel.

Os policiais – liderados pelo truculento jovem Krauss (Will Poulter, de “O Regresso”) – fazem uma batida muito violenta no motel, em busca da arma e do atirador. O fato de que há duas meninas brancas junto com os negros é um incentivo definitivo para a força policial descabida.

A partir daí, os jovens passam por interrogatórios e por torturas psicológicas e físicas. Por mais que eles insistam que ninguém tem arma de fogo dentro do hotel, os policiais continuam a torturá-los – porque, para eles, como negros podem estar dizendo a verdade?

O segurança Dismukes, que está perto do local, vai até o Algiers. Ele também é negro, mas, por usar uniforme e também ter porte de arma, ele é mais respeitado pelos policiais. Dentro do possível, ele tenta amenizar a situação.

A grande questão de “Detroit em Rebelião” é: todos os jovens negros no Algiers eram inocentes, estavam dizendo a verdade e sofreram uma violência que infringe direitos humanos. Mas quem acreditaria na palavra deles contra a palavra de policiais brancos? O longa retoma a história real que ocorreu em 1967, mas essas histórias acontecem até hoje em vários lugares, inclusive no Brasil. Só que muitas delas não viram filme.

ASSISTA AO TRAILER DE “DETROIT EM REBELIÃO”