“The Square”, da Suécia, é feito para arrancar aquelas risadinhas que vêm junto com o incômodo. E faz isso muito bem. O diretor e roteirista Ruben Östlund (de “Força Maior”, 2014) usa o humor para tratar de situações chatas e comuns na sociedade moderna. Não é à toa que o longa levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano e é um dos mais procurados na programação da 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Na trama, Christian (interpretado com maestria por Claes Bang) é curador do conceituado museu X-Royal. Ele está trabalhando na divulgação de uma nova instalação artística, chamada “The Square”: um quadrado no chão que delimita uma área na qual as pessoas são obrigadas a se ajudarem e a cumprirem seus deveres como cidadãs.
Mas, enquanto ele trabalha justamente com esse tema, os seus próprios deveres como cidadão são testados a todo momento.
Tudo começa quando uma moça grita e pede por ajuda na rua. Christian decide ajudá-la e impede que um homem furioso chegue até a moça. Ele se sente muito bem com seu feito – até reparar que foi vítima de um golpe e seu celular e sua carteira foram roubados.
Com a ajuda de um de seus funcionários, ele consegue localizar o celular em um prédio. Mas, como não dá para saber em qual apartamento o ladrão mora, Christian resolve deixar uma carta com uma ameaça em todos os logradouros, esperando que a carapuça sirva e que o culpado devolva seus pertences.O pedido de ajuda, que é o tema da exposição, aparece a todo momento no filme: são moradores de rua pedindo dinheiro, uma performance artística que sai do controle em um restaurante, um garoto machucado. São situações que despertam sentimentos como medo, raiva, compaixão – todos tão comuns na nossa rotina.
Junto a isso, vêm as situações realmente cômicas. Christian, por exemplo, tem dificuldade em explicar a uma jornalista (a ótima Elizabeth Moss) um texto todo formal e rebuscado sobre sua própria exposição.
Um vídeo de mau gosto que viraliza no YouTube coloca a reputação do museu em risco, o que também é bastante comum na sociedade moderna que é guiada pelas redes sociais.
Em “The Square”, Östlund cumpre bem o objetivo de provocar – seja risada ou desconforto.
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