Winston Churchill (19874-1965) não evoca muita simpatia. O primeiro-ministro britânico é lembrado por ser grosseiro e carrancudo, por falar aos resmungos e por beber demais. “O Destino de uma Nação”, que estreia na quinta (11/1), mostra tudo isso – mas vai além.
Com direção de Joe Wright (de “Orgulho e Preconceito” e “Anna Karenina”), o longa mostra Churchill (interpretado com maestria por Gary Oldman, vencedor do Globo de Ouro) nos primeiros anos de mandato como primeiro-ministro. Ele assume o cargo em maio de 1940 e já enfrenta uma enorme responsabilidade: comandar um parlamento raivoso, que fez com que o ministro anterior renunciasse, e enfrentar Adolf Hitler, cujo exército avançava na Europa.
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Anthony McCarten (de “A Teoria de Tudo”) assina o roteiro baseado no seu próprio livro homônimo (publicado no Brasil pela editora Crítica) e faz com que o filme seja eficaz em retratar o primeiro-ministro. O homem é, sim, bastante grosseiro: a datilógrafa Elizabeth Layton (Lily James, de “Em Ritmo de Fuga”) quase desiste de trabalhar com ele logo no primeiro dia.
A bebedeira também é bem representada: Churchill não dispensa drinques no café da manhã e nem mesmo nos almoços com o rei Jorge 6º (Ben Mendelsohn). Sua mulher, Clemmie (Kristin Scott Thomas), é que tenta controlar os nervos do marido – até porque agora, tendo um cargo público tão importante, ele precisa ter carisma entre o povo e o parlamento.
E é justamente a família de Churchill que o humaniza no filme. Pela relação com a mulher e com os filhos, o espectador percebe que o homem prioriza a vida pública por amor a ela e ao governo – o que não significa, claro, que não ame a família, mas há atritos na relação com os filhos por causa disso.
O primeiro-ministro também é retratado como prático e pragmático: hesita pouco ao decidir sacrificar uma parte do exército britânico para salvar um número maior de soldados. Também resiste à pressão dos partidos que o aconselham e se nega a firmar um acordo de paz com a Alemanha.
Grande parte do mérito de “O Destino de uma Nação” vai para Gary Oldman, que dá vida a Churchill com segurança. A qualidade da sua interpretação se equipara à qualidade da sua maquiagem.
Mas Joe Wright também merece destaque pela direção cuidadosa. Ele capricha, em especial, nas várias cenas aéreas. Em uma delas, um campo de guerra, com várias explosões, se transforma aos poucos no rosto de um soldado morto.
Wright é eficiente também em fazer um filme de guerra diferente: não há ação, apenas bastidores. O filme foca nas estratégias de Churchill e não se preocupa em ser didático e explicar todos os fatos que ocorreram na época – se você precisar de uma ajudinha, o Culturice indicou outros filmes e séries que abordam os assuntos com mais profundidade.
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