Exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o drama “Pela Janela” chega nesta quinta (18/1) ao circuito. Dirigido e roteirizado por Carolina Leone, em seu longa-metragem, o filme trata do conforto da rotina – e também do prazer em quebrá-la.
Na trama, Rosália (muito bem interpretada por Magali Biff) é uma senhora de 65 anos que trabalha em uma fábrica de reatores na periferia de São Paulo. O trabalho parece ser muito monótono, mas Rosália o faz com dedicação e cuidado. Mas, como acontece com tantos brasileiros, a mulher é despedida – assim, sem mais nem menos, de uma hora para a outra. E agora?
Rosália fica desolada e perde o chão. Ela mora sozinha e só tem a companhia do irmão, José (Cacá Amaral) – o trabalho maçante conectando fios nos reatores era o que a movia.
José precisa fazer uma viagem de carro, à pedido do patrão, até Buenos Aires, na Argentina. Sem querer deixar Rosália deprimida e sozinha em casa, ele a leva junto. Desenrola-se, então, um filme do tipo “road movie”, na estrada.
No início, Rosália fica relutante em deixar sua casa e seu mundo. No começo da viagem, ela olha tudo com desconfiança. É somente aos poucos que ela vai se soltando e percebe que, afinal, a vida é mais do que seu trabalho na fábrica de reatores – e que um desafio, de vez em quando, cai bem.
Na cena mais marcante, os irmãos estão visitando as cataratas de Foz do Iguaçu. Frente à força e ao barulho da água, a primeira reação de Rosália é se agarrar à grade de proteção. Mas ela vai percebendo que, apesar da agressividade da água, os pingos batem gentis no seu rosto. É a perfeita analogia para o despertar da personagem.
Carolina Leone acerta muito em filmar “Pela Janela” de forma linear: não há grandes picos de clímax e as atuações de Magali Biff e Cacá Amaral são reais, sem grandes estouros de emoção. Faz mesmo com que o espectador se sinta viajando junto com pessoas comuns, em uma rotina – quem diria? – corriqueira.
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