“The Post – A Guerra Secreta”, que estreou na quinta (25/1), tem fórmula para o Oscar: é baseado em eventos reais, é dirigido e produzido por Steven Spielberg, tem trilha sonora de John Williams e o elenco é liderado por Meryl Streep e Tom Hanks. Funcionou, em parte. “The Post” concorre a apenas duas estatuetas – a de melhor filme e a de melhor atriz, para Streep (indicada pela 21ª vez na carreira) -, mas não deve levar nada, assim como no Globo de Ouro.
A história certamente é interessante. Baseado em fatos, o longa acompanha Kay Graham (Streep), dona do jornal The Washington Post. Na década de 1970, sua equipe de jornalistas, liderada por Ben Dradlee (Hanks), consegue uma bomba: documentos confidenciais que comprovam que o governo dos Estados Unidos, sob o comando de Nixon, sabia que não venceria a Guerra do Vietnã, mas continuou enviando soldados e mentindo para o povo.
O repórter Ben Bagdikian (Bob Odenkirk, das séries “Breaking Bad” e “Better Call Saul”) tem acesso a várias páginas do documento, depois que o jornal rival The New York Times já havia publicado parte dele.
O problema é que o Times já enfrentava uma séria represália: o governo norte-americano processava o jornal, alegando que a matéria colocou em risco a segurança nacional.
Kay Graham, então, encara um grande dilema: esconder a história ou publicá-la, mesmo sabendo que o Post e seus funcionários poderiam sofrer graves consequências.
O roteiro de Liz Hannah e Josh Singer acerta muito em retratar a personagem de Graham, interpretada com maestria por Meryl Streep (como ela sempre faz): uma chefe mulher, na década de 1970, que assumiu o comando do Post depois das mortes do pai e do marido. Cabe a ela entrar em salas de reuniões repletas de homens que acham que entendem mais do que ela. Também é sua responsabilidade abrir capital da empresa e vender ações, tendo em vista um bom futuro para o jornal – e é sua escolha publicar uma matéria que pode colocar tudo isso a perder.
Embora seja envolvente, o filme nada seria sem as atuações de Streep e Hanks. Em termos de enredo, “The Post” não chega perto de “Spotlight – Segredos Revelados” (2015), de Tom McCarthy, que narrou a descoberta do Boston Globe sobre padres pedófilos na cidade.
A comparação é inevitável: os dois filmes falam sobre histórias reais que ocorreram dentro de redações de jornais e sobre furos de reportagem importantes para a história do jornalismo e dos Estados Unidos. “The Post”, contudo, perde o embate – vale lembrar que “Spotlight” levou o Oscar de melhor filme e de melhor roteiro original, além de ter sido indicado em outras quatro categorias.
Diferentemente de “Spotlight”, “The Post” passa uma ideia de grandiosidade (pelo elenco, pelos figurinos, pela direção de arte), mas o enredo não chega no mesmo patamar.
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