Crítica | ‘A Forma da Água’ é um bonito conto de fadas moderno

De Guillermo del Toro, "A Forma da Água" é líder de indicações ao Oscar, com 13 nomeações, e chega aos cinemas na quinta (1º/2)


Guillermo del Toro impressiona pelas criaturas que cria – com muita maquiagem e poucos efeitos de computador. Assim foi com “Labirinto do Fauno” (2006), “Hellboy” (2004), “A Colina Escarlate” (2015) e “Mama” (2013; do qual foi produtor), entre outros. Em alguns casos – como nos dois últimos exemplos -, porém, o roteiro não teve qualidade o suficiente para acompanhar as criaturas. Mas em “A Forma da Água”, que estreia nesta quinta (1°/2), a qualidade do enredo se equipara ao homem-anfíbio criado por Del Toro.

Não é à toa que o filme está indicado a 13 Oscar, incluindo ao de melhor filme e melhor direção – e é o líder de nomeações (veja a lista completa aqui)

Na trama, que se passa em 1962, na Guerra Fria, Elisa (interpretada por Sally Hawkins, indicada ao Oscar de melhor atriz) é uma moça muda que trabalha em um laboratório do governo norte-americano. Solitária, ela tem apenas dois amigos: Zelda (Octavia Spencer, indicada a atriz coadjuvante), sua colega de trabalho, e o vizinho Giles (Richard Jenkins, indicado a ator coadjuvante), um artista que não consegue mais trabalhos com suas ilustrações e que nutre uma paixão por um atendente da loja de tortas.

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Cena de "A Forma da Água", de Guillermo del Toro (Foto: Divulgação)

Elisa e Zelda são faxineiras da instalação e trabalham no turno da noite. Tudo muda quando Richard Strickland (Michael Shannon), um implacável oficial do governo, chega ao laboratório. Com ele, uma descoberta: uma criatura aquática, mas com forma humana, encontrada na Amazônia.

O objetivo dos cientistas que trabalham ali é estudar o monstro, na esperança que ele ofereça informações e tecnologias para o combate contra os soviéticos. Mas Strickland o vê apenas assim: como uma arma ou uma estratégia de guerra. Ele não se importa em machucar a criatura para domá-la – e tem dois dedos arrancados por ela.

Elisa e Zelda são chamadas para limpar todo o sangue da sala secreta. Lá, a protagonista conhece a criatura e desenvolve um fascínio por ela. E o monstro, no fim das contas, não tem índole ruim.

Cansada de ver o seu homem-anfíbio ser tão maltratado, Elisa decide agir e traça um plano arriscado para tirá-lo do laboratório.

Embora tenha concorrência acirrada nas categorias de atuações, direção e melhor filme, “A Forma da Água” tem grandes chances em categorias técnicas. Afinal, o grande forte do longa é o visual – a estatueta de melhor direção de arte deve ser dele.

Os cenários e os figurinos realmente impressionam. A cena de abertura, com o apartamento de Elisa submerso (veja no trailer abaixo), é lindíssima e já dita o tom do filme.

Quem assistir a “A Forma da Água” sairá do cinema com a sensação de que viu um conto de fadas moderno: há uma criatura fantástica, um amor impossível, um vilão terrível e uma bonita mensagem.

ASSISTA AO TRAILER DE “A FORMA DA ÁGUA”