Crítica | ‘Trama Fantasma’ combina boa história a belo visual e ótima trilha sonora

No último filme de sua carreira, Daniel Day-Lewis interpreta um egocêntrico estilista na Londres da década de 1950


O diretor e roteirista Paul Thomas Anderson dá toques de grandiosidade a seus filmes – seja pelo roteiro, pelo visual, pelas performances. Assim foi com o ótimo “Sangue Negro” (2007) e com “Vício Inerente” (2014), entre outras obras. “Trama Fantasma”, que estreia nesta quinta (22/2), mantém a densidade – desta vez, com maior peso nos figurinos, na direção de arte e principalmente na trilha sonora.

“Trama Fantasma”, indicado a seis Oscar, se passa em Londres, na década de 1950. Daniel Day-Lewis, em seu último papel no cinema (e nomeado ao Oscar por ele), interpreta o famoso estilista Reynolds Woodcock. No começo do filme, ele dispensa a esposa. Pouco depois, conhece a garçonete Alma (Vicky Krieps).

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Daniel Day-Lewis e Lesley Manville, indicados ao Oscar por "Trama Fantasma" (Foto: Divulgação)

Encantada pela personalidade e pelo estilo de vida de Woodcock, Alma vai morar com ele. Mas ela logo descobre que o relacionamento não é nada simples: ela mais é uma musa, uma inspiração para a criação de vestidos, do que uma companheira propriamente dita. 

Cabe à Alma servir de modelo de medidas, vestir as criações de Woodcock em leilões, acompanhá-lo em eventos e posar para fotos. Apesar disso, não é exatamente bem-vinda na rotina do estilista. No café da manhã, ela não pode fazer barulho enquanto come ou passa manteiga na torrada – isso tira a concentração dele. Leva uma bronca porque oferece chá a ele em um momento que, aparentemente, isso é proibido.

Além de tudo, a moça precisa conviver com a irmã do namorado, Cyril (Leslie Manville, indicada a melhor atriz coadjuvante), que também mora na casa.

Alma ama Woodcock e quer ser amada de volta. Começa, então, a traçar um plano para que isso se realize.

O roteiro de Anderson tem sensibilidade, mas, em comparação a “Sangue Negro”, por exemplo, sai perdendo. A história ganha – e muito – com a atuação de Daniel Day-Lewis, que faz com que Woodcock seja intragável e, ainda assim, permite que o público de identifique com ele.

Os maiores trunfos de “Trama Fantasma” são mesmo o figurino – era de se esperar, já que a história gira em torno de um estilista – e da trilha sonora marcante de Jonny Greenwood. As músicas são belíssimas, mas Anderson poderia tê-las usado com um pouco mais de moderação: há pouquíssimas cenas silenciosas no filme. Não à toa, “Trama Fantasma” recebeu nomeações ao Oscar nessas duas categorias.

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