Crítica | ‘A Grande Jogada’ tem roteiro excelente para contar história da Princesa do Pôquer

O premiado roteirista Aaron Sorkin (de "A Rede Social") faz sua estreia como diretor e está indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado


Adaptar um roteiro de outra obra pode ser mais difícil do que escrevê-lo do zero: é necessário cortar personagens, encurtar cenas e adicionar outras – pois o que funciona em um livro pode não ter um bom efeito no cinema e vice-versa. O roteirista Aaron Sorkin (de “A Rede Social” e “Steve Jobs”) é um dos mais talentosos da atualidade. Em “A Grande Jogada”, que estreia nesta quinta (22/2), ele prova novamente seu talento – que rendeu mais uma indicação ao Oscar – e ainda faz sua estreia na direção.

Para contar a história impressionante de Molly Bloom, a Princesa do Pôquer, Sorkin baseou-se no livro escrito por ela.

Molly (interpretada por Jessica Chastain no filme) era atleta profissional de ski freestyle, esporte perigoso de salto e manobras de ski. Até que, um dia, um acidente bobo a tira das pistas: ela tropeça em um ramo de árvore congelado e cai de mal jeito na neve.

Jessica Chastain e Idris Elba em cena de “A Grande Jogada” (Foto: Divulgação)

Para provar ao pai exigente, Larry (Kevin Costner), de que é capaz de se virar sozinha, Molly vai tentar ganhar a vida em Los Angeles. Só que, desde o começo do filme, sabemos que algo deu muito errado: cenas da mulher sendo presa pelo FBI e consultando um advogado, Charlie (Idris Elba), se intercalam com sequências que mostram o que aconteceu no passado.

 Em L.A., Molly começa a trabalhar como secretária (melhor dizendo, quase uma escrava) de Dean (Jeremy Strong), um profissional de Hollywood que está falido. Mas, depois de um tempo, ele a convida para participar de um esquema lucrativo: Dean organiza, à noite, jogos de pôquer com celebridades, empresários e figurões da indústria do entretenimento. Molly só precisa contabilizar as apostas – e apenas a gorjeta que ela ganha a sustenta muito bem.

Molly começa, então, a construir uma carreira promissora como organizadora de jogos de pôquer. Com acesso fácil a dinheiro, personalidades importantes e drogas, ela logo fica conhecida como a Princesa do Pôquer. Só que comete três erros fatais: deixa que membros da máfia russa participem dos jogos, começa a tirar comissão das apostas (o que infringe a lei americana) e, de quebra, escreve um livro sobre tudo (a obra no qual o filme é baseada). É o rastro perfeito para o FBI encontrá-la.

Agora com o apoio de Charlie, Molly precisa provar ao juiz que tem integridade. 

Sorkin foi inteligente ao usar o livro “A Grande Jogada” apenas como um guia. Muitos fatos descritos nas páginas estão no filme, mas ele vai além: trabalha melhor o passado de Molly como atleta (o que é uma parte importante da personalidade da mulher), explora o relacionamento dela com o advogado e com o pai e segue até o julgamento da protagonista.

No quesito direção, Sorkin também vai bem. O Culturice contou apenas um erro de corte, em uma cena em que Molly está conversando com o pai, Larry, no parque: ela está com um copo de café perto da boca e, uma fração de segundo depois, ele está abaixado. Detalhes à parte, “A Grande Jogada” é um bom filme e um ótimo debut de direção para Sorkin.

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