O terror “A Maldição da Casa Winchester”, que estreia na quinta (1°/3), cumpre a função de dar um susto ou outro. Mas o longa dos irmãos Spierig (de “Jogos Mortais: Jigsaw”) cai na fórmula massante do gênero.
Nos últimos anos, essa fórmula se desenvolveu e parece ser obrigatória para fazer um bom filme de terror (mas não é): é necessário ter uma reviravolta no fim (herança maldita do ótimo “O Sexto Sentido”, de 1999, e dos filmes de M. Night Shyamalan no geral); ser baseado em fatos reais (como o bom “Invocação do Mal”, de 2014); dar sustos baratos; ter uma criança bizarra; ser ambientado em uma casa mal assombrada; e, se possível, ter uma musiquinha assustadora entoada pela criança bizarra. “A Maldição da Casa Winchester” tem tudo isso – é o clichê do clichê.
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A trama conta a história da família Winchester – mas, como todo filme de terror baseado em fatos reais, apenas algumas informações procedem (leia mais aqui sobre o caso dos Winchester). A viúva Sarah Winchester (interpretada por Helen Mirren) é a única sobrevivente da família (o marido e a filha já morreram) e, portanto, única herdeira da fábrica de armas Winchester. Depois de perder os entes queridos, Sarah acredita que a sua família é amaldiçoada por causa das muitas vidas que os rifles Winchester tiraram ao longo dos anos.
Depois de consultar um médium, ela começa a construir uma enorme mansão para os espíritos que sofreram com as armas de sua família.
Como Sarah vive reclusa na mansão, os outros acionistas da fábrica de armas começam a duvidar de sua sanidade mental. Eles contratam o psicólogo Eric Price (Jason Clarke) para passar alguns dias na mansão e avaliar a senhora Winchester. Seu relatório determinará se ela será afastada da empresa ou não.
Na mansão, Price conhece o que resta da família Winchester: a sobrinha de Sarah, Marion (Sarah Snook), e o filho da moça, Henry (Finn Scicluna-O’Prey). Como sempre, é o menino que é o mais perturbado pelos espíritos da casa e é ele o responsável pela maioria das cenas de terror.
No começo – também como sempre acontece nos filmes de terror -, o protagonista é cético quanto às coisas estranhas que acontecem na mansão. Ele culpa as drogas que usa em excesso e procura explicações lógicas na psicologia. Mas, aos poucos, Price começa a acreditar na maldição dos Winchester e a crer que a família corre perigo.
“A Maldição da Casa Winchester” diverte e, convenhamos, vai agradar ao público que curte a fórmula do terror e paga o ingresso do cinema só para levar alguns sustos.
Mas é necessário ressaltar que é uma pena que são filmes de terror assim que agradam à maioria, enquanto ótimos longas que apresentam originalidade e técnica – como o excelente “A Bruxa” (2015), que tem um trabalho de direção e direção de arte incríveis, ou mesmo “It – A Coisa” (2017), que mescla horror e comédia com eficiência – sejam criticados pelo público por não darem “sustos”.
O clichê do terror está em “Winchester” e vai continuar – porque a fórmula resulta em bilheteria.
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