“Maria Madalena”, que estreia nesta quinta (15/3), deveria ser um filme feito para surpreender. O diretor Garth Davis (de “Lion – Uma Jornada para Casa”) o faz, em termos: ele mostra Maria Madalena como a 13ª apóstola de Cristo, e não como uma prostituta que foi apedrejada, como geralmente a conhecemos.
Mas é um tanto arrogante levar essa versão como a verdade absoluta – os letreiros finais do filme afirmam que ficou provado que Maria Madalena não era prostituta (a versão de que ela era, na verdade, mulher de Jesus Cristo nem é mencionada). Mas como provar a personalidade de alguém que viveu já mais de 2 mil anos?
E, se o filme tinha mesmo a intenção de surpreender, errou logo na escalação do elenco. Até quando Jesus Cristo, aqui vivido por Joaquin Phoenix, e Maria Madalena (Rooney Mara) serão interpretados por atores ocidentais, com aparência americana ou europeia?
Decepções à parte, a fotografia do filme é linda, e o começo de “Maria Madalena” é interessante: ela é a única mulher de sua família. A mãe já morreu, e a jovem vive com o pai e o irmão. Maria deve se casar, mas se nega. Ela sente que simplesmente não é a vida que lhe cairia bem.
Indignados, o pai e o irmão estão convencidos de que a moça está possuída por algum demônio. Depois de um ritual de exorcismo, no qual ela é quase afogada, ela recebe a visita de Jesus, que está de passagem pela sua aldeia. O homem já é famoso por levar a palavra de Deus e a avalia – e constata que, afinal, não há demônio algum ali.
Encantada pela bondade e pela determinação de Jesus, Maria Madalena resolve abandonar sua casa e sua família e seguir viagem com o Messias e seus apóstolos – entre eles, Pedro (Chiwetel Ejiofor, de “12 Anos de Escravidão”) e Judas (Tahar Rahim – esses dois atores foram as únicas boas escalações do elenco).
O desenrolar de “Maria Madalena”, contudo, vira mais do mesmo: nós já vimos essa história várias vezes. O roteiro tenta ser criativo ao acompanhar Jesus Cristo até depois de sua crucificação pelos olhos de Maria Madalena – mas, inevitavelmente, Jesus é que toma o centro da trama. O fato de as atuações de Rooney Mara e Joaquin Phoenix serem medianas deixa o enredo ainda mais engessado.
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