Tem sabor especial a experiência de assistir ao show solo de Eddie Vedder em um ambiente, digamos assim, mais reservado – o Citibank Hall recebeu 4.171 pessoas na apresentação desta quarta (28), mas nada comparado aos milhares e milhares de fãs que lotam estádios para ver Pearl Jam.
Com 40 minutos de atraso, a primeira das três sessões em São Paulo começou com a comovente “Share the Light”, em versão ao piano.
A voz grave, forte e muitas vezes sussurrante do músico foi ouvida com nitidez e atenção pelo público, que não podia usar celulares (avisavam da proibição na entrada, nos telões e depois pela própria equipe). E realmente não usou, já que havia seguranças por toda a parte de olho em quem tentasse gravar algo.
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No repertório de 27 músicas, tocado por cerca de 2h20, teve espaço para composições de seus discos solo, do Pearl Jam e covers. “Sometimes”, “Brain Damage”, “Just Breathe”, “Porch” e “Should I Stay or Should I Go” marcaram presença e foram interpretadas por um Eddie que se desdobrava em vários instrumentos, tais como guitarra, violão, bandolim, ukelele e pad de bateria.
Mas o show tinha a ver com saudade. No primeiro de muitos textos lidos generosamente em português, o cantor disse que o show era sobre perdas, “e não me refiro ao futebol”, brinca. “Desde a última vez que estive aqui [4 anos atrás], eu perdi muitos amigos, heróis, parentes e meu irmão. Eu espero que vocês não tenham passado por isso, mas, se tiveram, hoje vamos cantar para eles. E espero que eles estejam aqui com a gente hoje, assim podemos estar todos juntos de novo. Espíritos entram de graça.” E tocou “I Am Mine”.
Eddie esbanja simpatia e bom humor durante o espetáculo todo. Mesmo com gritos chatos e insistentes de alguns espectadores, ele interage bastante com a plateia, dedica músicas a fãs, oferece vinho a outros, brinca, conversa e interpreta as canções de forma vigorosa, como se fosse a última vez.
Ele também fez um discurso, em português, sobre o fato de que as armas não vão nos trazer segurança. “Pedimos que parem, pensem e sintam… para que a violência diminua, para que nossos filhos estejam seguros em suas escolas.” Pouco depois tocou “Imagine”, lembrando que John Lennon foi assassinado.
Ao final, ele cantou “Sleepless Nights”, “Society” e “Hard Sun” ao lado do artista irlandês Glen Hansard, vocalista da banda The Frames. Ele faz o (ótimo) show de abertura e, segundo Eddie, é um de seus melhores amigos.
O público paulistano ainda vai poder curtir mais duas noites de shows, nesta quinta (29) e sexta (30). Apesar de oficialmente esgotado, ainda há alguns pouquíssimos ingressos para sexta à venda no site da Tickets for Fun, com assentos separados. O valor vai de R$ 180 a R$ 880.