Não é fácil adaptar livros ao cinema. A tarefa é mais difícil ainda quando o próprio autor do livro também é o roteirista (Emma Donohue, de “O Quarto de Jack”, foi uma das pessoas bem sucedidas na missão). O italiano Donato Carrisi não só adaptou seu próprio como ainda dirige “A Garota na Névoa”, que estreia nesta quinta (8/11).
Mas, diferentemente de “O Quarto de Jack”, o resultado deixa a desejar.
O filme (e o livro) se passam no vilarejo de Avechot, localizado nos pés dos Alpes e habitado por pessoas que fazem parte de uma Irmandade religiosa. O inspetor Vogel (interpretado por Toni Servillo) vai até o local para investigar o desaparecimento de Anna Lou, uma adolescente de 16 anos.
A principal suspeita se volta a um dos professores da menina, Loris Martini (Alessio Boni). O homem tem mesmo alguns comportamentos que o comprometem, mas, por outro lado, o inspetor Vogel está ávido em encontrar rapidamente um culpado, a fim de recuperar sua reputação na polícia, prejudicada por um caso mal sucedido no passado.
Carrisi, então, começa a jogar o espectador ora para o lado de Vogel, ora para o lado de Martini – um movimento interessante e necessário em uma obra de mistério.
A impressão que fica, porém, é que o filme “A Garota na Névoa” é uma colcha de retalhos – o livro certamente é mais completo. Personagens secundários aparecem (e desaparecem) do nada para contribuir com a investigação, o que a torna bastante inverossímil. São elementos que, provavelmente, têm importante função no livro, mas que deveriam ter sido cortados ou repensados no roteiro de um filme – está aí um dos grandes desafios da adaptação.
“A Garota na Névoa” falha em prender o espectador. O resultado mediano do filme é semelhante, por exemplo, a “A Garota no Trem”, que também foi adaptado da literatura e trata do sumiço de uma moça.
Embora o longa não tenha atingido bons resultados, a trama é promissora. Assistir a “A Garota na Névoa” nos faz ter vontade de ler o livro.
