Sem outros músicos ou elementos cênicos no palco, os olhos e os ouvidos do público ficaram fixados na cantora Maria Rita e no pianista Rannieri Oliveira durante o show deste sábado (7) no Teatro Bradesco, em São Paulo.
A apresentação voz e piano foi um deleite para as mais de 1.400 pessoas que lotaram o local. Elas puderam curtir um repertório que contemplou obras de Caetano Veloso (“Lindeza”), Luiz Gonzaga (“Asa Branca”), Ella Fitzgerald (“Over the Rainbow”) e Mercedes Sosa (“Gracias a la Vida”), entre outros artistas.
Maria Rita no Teatro Bradesco (Fabiana Seragusa/Culturice)
“Mais do que intimista, é um show muito íntimo”, disse a artista sobre esse formato especial do espetáculo, que surgiu em 2011 e não vem atrelado a nenhuma turnê ou lançamento de disco.
“Porque fica cômodo, fica fácil, você vai e faz aquele show toda noite. Mas, em um repertório como esse, eu me permito cantar canções que eu sei que o público gosta de ouvir, cantar canções que há muito eu não canto, cantar canções que eu gosto de cantar pela casa, gosto de ouvir.
É por isso que vem essa coisa tão intima. É quase, bem quase, como se estivéssemos na sala da minha casa, exceto pelo fato de que eu não tenho esse piano maravilhoso, e eu não faço isso daqui no cabelo, não coloco umas roupas brilhantes, cílios postiços [risos]. É um espetáculo de muito desafio, de muita concentração, de absoluto foco.”
Foram 16 músicas durante 90 minutos, com espaço para algumas que fizeram sucesso na voz de sua mãe, Elis Regina, como “É com Esse que Eu Vou”, “Vida de Bailarina” e “Romaria”. Nessa última, Maria chorou, assim como quando cantou “Grito de Alerta”, de Gonzaguinha.
Ela esteve emocionada durante todo o show, na verdade, e dava para sentir que cada frase foi cantada com o coração – assim como lhe é característico. Mas em um show assim, ao som apenas do piano, a relação entre artista e público fica ainda mais estreita e sensível. E é como se toda a potência da sua voz não coubesse em si. Ela transbordou, transbordou afeto. E foi lindo.