Espectadores de 193 países poderão assistir ao show “Levando o Caos” a partir desta quinta-feira (16), na Netflix. O redator, publicitário, repórter e humorista Maurício Meirelles passa 63 minutos fazendo piadas de assuntos como casamento, filhos, feminismo e preconceito – e ele sabe dos “riscos”.
“Certamente muita gente vai gostar e muita gente vai ficar chateada com os temas abordados”, conta em entrevista ao Culturice. “Provavelmente serei cancelado por uma turma aí, mas faz parte.”
Com experiência em programas como “CQC” (Band), “Legendários” (Record), “Pânico na TV” (Band) e “Vídeo Show” (Globo), Maurício é um dos humoristas mais conhecidos e talentosos do Brasil e sabe a importância de ter um trabalho disponível na Netflix, maior plataforma de streaming do mundo. “Estar lá é uma conquista absurda.” São mais de 160 milhões de assinantes.
O artista ganhou por dois anos o Prêmio Risadaria de Humor na categoria melhor stand-up, além de ter sido indicado ao Prêmio do Humor 2020 (idealizado por Fabio Porchat) como melhor texto, espetáculo e performance – a cerimônia de premiação ainda não tem data definida, devido à pandemia.
Maurício Meirelles, que acumula 4 milhões de seguidores juntando Twitter/Instagram/Facebook e mais quase 4 milhões no YouTube, também falou ao Culturice sobre o lançamento nessa época de quarentena e conta quais seus shows de humor preferidos na Netflix.
Bate-papo com
Maurício Meirelles
O show é igual ao que você já fazia ou teve alguma modificação para o especial?
O show é a base do “Levando o Caos”, que eu viajei em turnê pelo Brasil em 2018, mas com bastante alteração: troquei textos mais brasileiros por outros mais internacionais, já que ele estará disponível para 193 países. Além disso, o final possui uma participação da minha esposa, sobre uma história inédita.
Como surgiu o convite para a gravação?
Eu já participei de outros títulos da Netflix. Meu primeiro solo de comédia ficou por 1 ano na plataforma, mas com a nossa produção. Tentamos vender este novo no começo de 2019, mas o pessoal da Netflix gostou bastante do texto e quis fazer um original, que foi refilmado com produção deles no final de novembro do ano passado [em São Paulo].
Você tem alguma meta em relação ao número de visualizações que seu show vai ter ou não costuma colocar objetivos?
Eu sempre acho que comedia é abstrata. Tem muito a ver com a identificação. Por isso não sei avaliar isso em números. Meu primeiro objetivo era fazer algo que eu tivesse muito orgulho e acredito que eu consegui atingir isso. Mas, agora que teve essa quarentena em casa, todo mundo pode acabar assistindo. Certamente muita gente vai gostar e muita gente vai ficar chateada com os temas abordados. Tailandeses, principalmente. Isso foi um spoiler [risos].
Para a sua carreira, qual a importância de ter um show no catálogo da Netflix?
A Netflix é hoje a maior plataforma de streaming do mundo. Estar lá é uma conquista absurda. Poucos comediantes estiveram e ir bem lá é abrir espaço para mais colegas do meu país. Fora o fato de que é mundial, legendado em todos os idiomas. Ou seja, bem provável um dinamarquês assistir a alguma besteira sobre a minha relação com meu filho de 2 anos.
Vai ter muita piada considerada polêmica? Aproveitando: já se acostumou com as críticas ou, no fundo, é algo que sempre faz mal?
Nenhuma piada foi polêmica para ser polêmica. O intuito inicial era ser engraçado para o tipo de humor que eu consumo. Óbvio que teremos reclamações: abordo feminismo, causas ambientais, preconceitos. Provavelmente serei cancelado por uma turma aí, mas faz parte. Todo mundo é. As críticas não fazem mais sentido quando você percebe que há pessoas que só vivem criticando o tempo todo. Prefiro focar em quem vai se divertir, compartilhar, se identificar e ter um momento mais legal nessa fase estranha do mundo.
O fato de estar todo mundo em casa neste momento ajuda na divulgação?
Com certeza. Estão dizendo até que eu fui o primeiro a comer o morcego chinês, para todo mundo estar em casa e assistir. Mas não fui. Fake news. Mas a melhor divulgação é quem assistir recomendar.
Quais shows de comédia disponíveis na Netflix você mais gosta e indica?
Os melhores shows de stand-up do mundo estão lá. Recomendo Louis C.K., Bill Burr, Jim Jefferies e qualquer coisa de Dave Chappelle. São claramente referências minhas.