Com humor amargo, peça “Uma Mulher Só” expõe machismo, abuso e violência

Martha Meola interpreta texto de Dario Fo e Franca Rame, sob a direção de Marco Antônio Pâmio


O dramaturgo italiano Dario Fo (1926-2016), autor de preciosidades teatrais como “Mistero Buffo” e “Morte Acidental de um Anarquista”, também assina a comédia amarga “Uma Mulher Só”, que estreia de forma online nesta sexta-feira (11). Os ingressos custam a partir de R$ 10.

Escrito em parceria com Franca Rame, sua esposa, o texto mostra uma mulher ansiosa em contar detalhes de sua vida para a nova vizinha, que se mudou para o apartamento da frente. Pela janela, ela fala sobre seu dia a dia e vai revelando, mesmo em meio a risos e brincadeiras, detalhes aterrorizantes.

Martha Meola estreia “Uma Mulher Só” nesta sexta (Ronaldo Gutierrez/Divulgação)

Martha Meola é perfeita para o papel e consegue expressar, ao mesmo tempo, a descontração e a tensão que coexistem na personagem durante todo o tempo. Ela brinca com a palavra orgasmo logo após ter falado corriqueiramente que apanha do marido, por exemplo, ou então esboça um sorriso enquanto diz já ter tentado suicídio.

Assuntos gravíssimos potencializados pela força do humor.

A direção é de Marco Antônio Pâmio, responsável por transportar para a tela um espetáculo tão cheio de nuances. A escolha do texto foi feita pelos dois, que trabalham juntos pela quarta vez. Além da facilidade dramatúrgica de ter apenas uma atriz interagindo com uma vizinha, que vira um ponto fixo em cena, a obra de Dario Fo permanece extremamente atual, infelizmente mesmo tendo sido lançada na década de 1970.

Na história, a mulher não aguenta mais. Ela precisa lidar com cunhado abusador, marido opressivo e violento que a tranca em casa, filho chorando, vizinho tarado e homem apaixonado batendo na porta sem parar. Sua única distração é conversar com a vizinha.

Martha Meola interpreta texto de Dario Fo e Franca Rame (Ronaldo Gutierrez/Divulgação)

A direção de movimento é de Marco Aurélio Nunes, com iluminação de Nicolas Caratori e trilha original de Gregory Slivar, que faz toda a diferença. Ele utilizou a técnica de som binaural para criar uma experiência mais intensa para o público, por isso, é recomendado o uso de fones de ouvido – já que, desse modo, é possível escutar certos sons de um lado ou de outro. 

Completam o time Raphael Gama (direção de arte), Alexandre Martins (operação de som), Marcela Horta (produção executiva) e Selene Marinho e Sergio Mastropasqua (direção de produção).

Lembrando que a temporada online terá apenas três finais de semana, e sempre após as sessões haverá bate-papo com a equipe, para quem quiser saber detalhes, dar opiniões ou fazer perguntas. 

“Uma Mulher Só”

Onde: aplicativo Zoom
Quando: 11/9 a 27/9 – sextas (20h), sábados (20h) e domingos (17h)
Quanto: R$ 10 a R$ 250; à venda pelo Sympla
+ infos: 40 minutos (+ 15 min. de debate após o espetáculo)