Sensível e potente, “Quebrando Mitos” esmiúça discursos de ódio de Bolsonaro

Documentário do cineasta Fernando Grostein Andrade, que estreia nesta sexta (16) de forma gratuita na internet, reúne declarações, fatos e entrevistas


Cena de Jair Bolsonaro exibida em “Quebrando Mitos” (Reprodução)

Que o presidente Jair Bolsonaro odeia gays, insulta mulheres e defende a ditadura todo mundo sabe, porque ele próprio faz questão de dizer ou de escancarar isso em suas atitudes. Mas, ao reunir na tela essas e outras questões sérias e delicadas, o documentário “Quebrando Mitos” provoca uma sensação de incredulidade que leva a uma reflexão ainda mais profunda.

O filme estreia nesta sexta-feira (16) exclusivamente na internet, de forma gratuita – o acesso será a partir das 18h em quebrandomitos.com.br.

Fernando Grostein Andrade dirigiu, produziu e escreveu o documentário (Rafa Levy/Divulgação)

O cineasta Fernando Grostein Andrade, que assina direção, produção e roteiro da obra, é o responsável por narrar os acontecimentos mostrados em cena. Ele compartilha detalhes íntimos de sua vida para deixar claro como os discursos de ódio interferem diretamente e cruelmente na vida dos atacados.

Fernando conta que começou a receber ataques de ódio desde o lançamento do documentário “Quebrando o Tabu”, em 2011, no qual defendia que o tema das drogas deveria ser tratado como questão de saúde, e que os insultos aumentaram em 2017, ao assumir publicamente o fato de ser gay.

Mas que foi em 2018 que a hostilidade chegou ao limite, quando, após críticas ao então candidato Bolsonaro, recebeu uma clara ameaça de morte. Isso foi o estopim para que, logo em seguida, decidisse se mudar para Los Angeles com o seu companheiro, o ator e cantor Fernando Siqueira, com quem divide a direção em “Quebrando Mitos”.

Fernando Grostein Andrade e Fernando Siqueira assinam juntos a direção do documentário (Jivi Oxy/Divulgação)

“Se seu filho começar a ficar meio assim,
‘gayzinho’, é só ‘levar um coro’ que ele
muda o comportamento dele”

Frase de Jair Bolsonaro em um dos trechos do filme

Mas o documentário não expõe apenas o ódio de Bolsonaro às pessoas LGBTQIAP+. Ele trata de diversos temas essenciais para o sociedade, detalhando e exibindo as opiniões do presidente em relação a questões como ditadura, indústria de armas, milícias, massacre nas comunidades, causas indígenas, garimpo, golpe militar e desmatamento da Amazônia.

Também estão lá os ataques a jornalistas mulheres, o feminicídio, a resistência negra, a morte de Marielle Franco, os protestos e vários outros assuntos debatidos incansavelmente nestes quatro anos de governo, com ênfase na chamada “masculinidade catastrófica e frágil” do presidente, capaz de causar consequências desastrosas.

“Bolsonaro falava atrocidades e nada acontecia, porque ninguém levava ele a sério”, diz Fernando em um dos momentos do filme, se referindo ao fato de que o discurso de ódio atual já vinha aparecendo desde seu início da política.

E, já na parte final, o cineasta nos faz um questionamento: “Por que ideias podres duram tanto tempo?”.