Ricardo Teodoro foi pela primeira vez ao Festival de Cannes na edição deste ano e voltou de lá não apenas com lembranças na bagagem, mas com o prêmio de melhor Ator Revelação por sua atuação no filme “Baby”.
No longa, exibido durante a 63ª Semaine de la Critique, dentro da programação oficial do evento, o artista interpreta Ronaldo, um garoto de programa que acolhe um jovem chamado Wellington (João Pedro Mariano), após o rapaz deixar o Centro de Detenções sem o apoio da família biológica.
Nomes como Ana Flavia Cavalcanti, Bruna Linzmeyer, Marcelo Varzea e Mauricio de Barros também estão no elenco, sob a direção de Marcelo Caetano – que assina o roteiro ao lado de Gabriel Domingues.
Agora, de volta ao Brasil, Ricardo Teodoro já está de olho em seu retorno ao teatro. “Eu vou começar a ensaiar um solo sobre o livro do Frantz Fanon, ‘Pele Negra, Máscaras Brancas’“, conta o ator, que já está em negociação com o Sesc para uma estreia nacional. O nome da peça será “Faz Tempo que o Grito Não Faz Mais Parte da Minha Vida”, com texto de Rafael Cristiano e direção de Lucas Mayor.
“A gente tem feito trabalhos importantes no Espaço Garganta, principalmente no sentido de pensar a cena a partir dos nossos corpos”, afirma Ricardo, que é um colaborador do projeto, “um lugar de intensa pesquisa de cena e dramaturgia em formatos de cenas curtas”. O Espaço é administrado por Lucas Mayor e Marcos Gomes.
“Somos três homens negros, cada um ao seu modo… e fazer um espetáculo inspirado no Fanon é a possibilidade de colocar a cena e a ação a partir da psiquiatria, a partir da intelectualidade.”
Médico e filósofo político, Frantz Fanon nasceu na Martinica e se tornou uma das personalidades mais influentes na área dos estudos pós-coloniais. O espetáculo fala sobre um psiquiatra negro que, a partir dos conflitos vividos por seus pacientes, começa a pensar em sua própria existência.
“A gente está pensando a peça a partir da ideia não de colocar personagens negros tristes em cena, sabe… mas a partir de um outro lugar, da intelectualidade, da versatilidade, do pensamento, da reflexão. Porque a gente percebe que o teatro tem essa tendência de ficar contando essa história a partir de tudo o que aconteceu, do racismo… isso é tão triste, mas como a gente vai para outras camadas também, né? Como é que a gente busca outras possibilidades? E aí veio a ideia do Fanon, que foi um grande psiquiatra, um cara muito importante para o movimento, de pensamento mesmo. E aí [pensamos em] trazer esse texto dele, que é tão importante, e essa coisa da psiquê mesmo, das pessoas pretas, a abordagem, os traumas, a autoestima. Lidar com tudo isso em cena.”
Ricardo Teodoro
Filme e série
Além da peça, Ricardo Teodoro está no elenco da nova minissérie da Netflix, “Pssica”, com direção de Fernando Meirelles e Quico Meirelles. As gravações começaram na semana passada na cidade de Belém, no Pará.
A trama terá quatro episódios e é baseada no livro homônimo do escritor paraense Edyr Augusto.
O ator também está envolvido no projeto de um novo longa, que será filmado entre agosto e setembro deste ano.
Formado em Artes Cênicas pela Faculdade CAL de Artes Cênicas e pós-graduado em Gestão Cultural pelo Senac-SP, Ricardo nasceu em Governador Valadares, Minas Gerais, e já trabalhou com grandes companhias de teatro pelo Brasil, como o Grupo Tá na Rua, no Rio de Janeiro, e a Companhia do Latão, em São Paulo. São mais de 20 espetáculos teatrais no currículo.
Já atuou em mais de 15 produções audiovisuais, incluindo filmes, séries e televisão – recentemente, fez uma participação na novela “Renascer”, da TV Globo, na primeira fase da trama. Também dirigiu e roteirizou quatro curtas-metragens: “Sem Pressa”, “Aí Tem”, “Equipe de Análises” e “21 de Janeiro”.