Filme “Ninguém Sai Vivo Daqui” mostra entranhas do chamado holocausto brasileiro

Dirigido por André Ristum, filme sobre o Hospital Psiquiátrico Colônia estreia nesta quinta (11) nos cinemas


Viviane Monteiro, Arlindo Lopes e Fernanda Marques em cena de “Ninguém Sai Vivo Daqui” (Crédito: Marina de Almeida Prado)

Barbacena, Minas Gerais, 1971. Uma jovem chamada Elisa é internada à força em um hospital psiquiátrico, mas não para poder tratar de qualquer doença, e, sim, por desejo do pai, que está insatisfeito pela gravidez da filha e quer afastá-la da sociedade a qualquer custo.

Chegando lá, após ser levada em um trem lotado de outras pessoas aflitas e atordoadas, rumo ao mesmo destino, a moça logo percebe que aquilo se trata de um depósito de gente à espera da morte.

Fernanda Marques e Rejane Faria (Crédito: Divulgação)

O filme “Ninguém Sai Vivo Daqui”, que estreia nesta quinta-feira (11) nos cinemas, parte dessa história para tratar do escândalo real que foi o Hospital Psiquiátrico Colônia, em Barbacena (MG). A barbárie foi detalhada no premiado livro-reportagem lançado em 2013 pela jornalista Daniela Arbex, “Holocausto Brasileiro”, que serviu de inspiração para o longa.

A investigação mostra que mais de 60 mil internos morreram no local, apesar das denúncias feitas a partir da década de 1960.

Estação de Trem Colônia (Crédito: Divulgação)

O diretor do filme, André Ristum, conta que, para ele, uma das coisas mais marcantes foi saber sobre as meninas grávidas que eram internadas no hospital pelos familiares. “Aquilo me chocou demais, e entendi que talvez esse fosse o melhor caminho para contar essa história.”

No roteiro, escrito por Ristum, Marco Dutra e Rita Gloria Curvo, a protagonista, interpretada por Fernanda Marques, busca formas de fugir dessa prisão, após presenciar mortes e sofrer abusos, assim como seus colegas de confinamento.

Andreia Horta, Viviane Monteiro, Lulu Pavarin e Marcio Americo (Crédito: Divulgação)

O elenco conta com nomes como Augusto Madeira, Andréia Horta, Rejane Faria, Naruna Costa, Aury Porto, Arlindo Lopes e Bukassa Kabengele.

Filmado em preto e branco, o longa estreou mundialmente na seleção oficial do Festival de Tallin Black Nights, na Estônia, e abriu o Festival de Brasília de 2023. Neste mês, ganhou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Roteiro no Social World Film Festival, na Itália.

A produção é da Sombumbo e TC Filmes, em coprodução com Gullane, Geração Entretenimento, Canal Brasil e Karta Film. A distribuição é da Gullane+.

Augusto Madeira, Bukassa Kabengele e Marco Bravo (Crédito: Divulgação)
Fernanda Marques, em primeiro plano (Crédito: Divulgação)