“É um presentaço de Deus”, diz baterista Felipe Alves sobre integrar banda de Djavan

Músico falou com o Culturice durante turnê pela Europa, que ainda tem mais duas paradas na Itália


Felipe Alves é baterista do Djavan desde 2018 (Crédito: Reprodução/Facebook)

Felipe Alves estava na igreja quando recebeu uma ligação da equipe do Djavan para convidá-lo para um teste como baterista para uma nova canção. O ano era 2018, e, de la pra cá, o músico já participou da gravação de dois discos (“Vesúvio” e “D”) e também viajou para suas respectivas turnês. 

“O Djavan tem uma coisa muito bacana que é levar para a estrada quem grava o disco. Então, para quem foi gravar uma música e já está na 2ª turnê e no 2º álbum, é um presentaço de Deus, né”, diz Felipe em entrevista ao Culturice.

O grupo está atualmente na Itália para os dois últimos shows da turnê internacional de “D” pela Europa. Nesta sexta (19), a apresentação será em Milão, e, no domingo (21), em Perugia, no festival Umbria Jazz.

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Felipe conta que já viajou para mais de 15 países como integrante da equipe musical de Djavan – e costuma registrar os bastidores dos shows em sua rede social, mostrando detalhes das viagens, dos locais das apresentações e das passagens de som.

Com influências de jazz, MPB, pop rock e funk, o artista, atualmente com 41 anos, se tornou profissional aos 16 e já gravou com grandes nomes da música brasileira, como Baby do Brasil, Michael Sullivan e Zelia Duncan.

No segmento gospel, foi indicado ao Grammy Latino em 2008 quando fazia parte do grupo Toque no Altar. Também já atuou como músico nos programas “The Voice Brasil”, “The Voice kids” e “The Voice +”, da Rede Globo.

Abaixo, confira trechos do bate-papo com Felipe Alves, que fala sobre a importância das turnês internacionais, os momentos marcantes da carreira e de sua relação afetuosa com Djavan. 

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Importância de uma turnê internacional

“Eu acho que tem alguns pontos importantes. Primeiro, eu, como baterista, e mediante os músicos que passaram por aqui, me sinto no dever de manter o nível musical. De assumir essa responsabilidade, de elevar o nível da linguagem musical que o Djavan tem, sabe. 

Claro que eu não jogo sozinho, eu não toco sozinho, existe uma banda, mas no meu papel como baterista eu me sinto nesse dever de elevar a arte do Dja, de compreender a sua linguagem a cada dia mais e procurar modernizar isso de uma forma que não agrida a linguagem musical que ele tem. 

Outra importância que eu acho é de ter a oportunidade de estar em uma turnê como essa, de estar trabalhando com um artista como o Djavan, de poder levar a minha cultura musical para outros países conhecerem. Você poder estar ali, levar um conceito musical, levar a música brasileira para outros países, eu acho isso de uma relevância muito grande.

O Djavan é um ícone brasileiro, então você está ali representando seu país, levando a música brasileira pelo mundo todo. Isso é maravilhoso, é um presente de Deus, de verdade. Eu participei de grandes festivais com o Dja, e é muito legal você conhecer outros músicos que você passou a vida inteira ouvindo… e você está ali do lado dos caras.”

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Relação com a banda 

“O trabalho com o Dja é maravilhoso, é muito bom, ele é uma pessoa maravilhosa para se trabalhar, a equipe é maravilhosa, então, a gente, de fato, é uma família. A gente se ama, se gosta muito.

Quando a gente sobe no palco, é só o reflexo do que a gente vive no backstage. Então, é um privilegio, é muito legal vivenciar isso, a gente ri, a gente chora, a gente se diverte. É, de fato, uma família. Eu tenho um privilégio muito grande de poder estar vivenciando isso com o Djavan, que é um artista completamente diferente de todos com quem eu já trabalhei.”

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Momentos marcantes dentro e fora do país 

“É dificil descrever um momento mais importante e inesquecível. Acho que quando a gente embarca, quando a gente faz o primeiro show, todos os momentos do show são importantes, sabe. Eu acho que o que se torna inesquecivel é a reciprocidade do público. Eu, às vezes, até me coloco no lugar dessas pessoas que estão em outros países e ficam com a expectativa de receber a música brasileira no lugar onde elas estão morando.

Principalmente os brasileiros, né. E poder chegar ali e levar música, levar alegria para as pessoas, e depois te mandarem mensagem agradecendo por aquele momento… porque aquilo ali se torna o momento da vida da pessoa, né, não é todo mês que você tem um show do Djavan.

Então, quando você está ali e supera as expectativas das pessoas, como tem acontecido e como aconteceu, na verdade, em todas as turnês e em todos os lugares onde nós passamos, eu acho que isso se torna inesquecível e importante. Você voltar pra sua casa e saber que o dever foi cumprido porque você foi lá e cumpriu a sua missão de fazer com que as pessoas saíssem dali melhores do que elas entraram.

Se tratando de um momento importante, eu poderia citar o Rock in Rio que nós fizemos, que foi um evento que o Djavan nunca havia feito. Nós tocamos no Palco Mundo e foi algo especial, de estar com o Djavan dividindo o palco com bandas como o Coldplay.”

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Linguagem musical do Djavan

“Eu sou muito grato a Deus e agradeço muito ao meu pai também, que foi o cara que me aplicou a obra do Dja. Talvez, se eu não tivesse entendido, se meu pai não tivesse me aplicado os discos antigos do Dja e tal, me ensinado, me mostrado o caminho da linguagem do Dja, talvez eu não tivesse conquistado esse espaço.

Eu poderia estar em outro trabalho, mas talvez não no Dja. Porque, de fato, ele tem uma linguagem musical, então, se hoje eu estou no segundo trabalho, é porque, de fato, eu entendi, e a minha musicalidade coopera com a linguagem que ele tem.

Eu acho que é por isso que eu ainda estou fazendo parte dessa obra de arte dele, ainda estou conseguindo cooperar. Ainda que ele tenha que mudar a banda… enfim, isso é muito natural, o Dja sempre procura outras coisas, outros músicos, e eu acho muito legal isso também, dar oportunidade para outras pessoas.

Eu estou tendo a minha oportunidade hoje, mas, quem sabe um dia, se ele quiser dar outras oportunidades, está tudo certo. O importante é que, em todos os momentos que eu tenho passado com o Dja, eu tenho aproveitado e aprendido tudo o que possa acrescentar na minha carreira.

Tudo isso está sendo de grande valor pra mim, sabe. Até onde ele não quiser mais caminhar comigo. Mas fazer parte dessa obra de arte até hoje, poxa, é um presente muito grande de Deus pra mim.”

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Relação com Djavan 

“De tantas qualidades que o Dja tem, uma coisa que me chama muita atenção é a generosidade, o carinho que ele tem com as pessoas que estão trabalhando com ele. A importância que ele dá ao músico, ao profissional que está ali exercendo o trabalho, fazendo com que a arte dele aconteça.

Isso me chamou muito a atenção. Desde o primeiro dia, desde o primeiro contato que eu tive com o Dja, desde o primeiro abraço que eu tive com ele, ele sempre teve o mesmo carinho comigo. Não só comigo, mas com toda a equipe. Sempre preocupado, perguntando se está tudo bem em casa, se está tudo certo.

Quando a gente vê o Dja no palco ou o ouve no rádio, é simplesmente o reflexo, de fato, de quem ele é. Uma pessoa boa, humilde, um cara muito grato também pelas pessoas que estão ali com ele. No dia a dia também é a mesma coisa. A gente está sempre junto, quando ele pode, está sempre com a gente, sempre bate um papo. Eu me sinto numa família.

A gente está falando de um ícone mundial. Ter essas qualidades, ter esses pontos importantes é só para um cara especial como ele. Eu acho isso de uma altíssima relevância e é o que faz ser, de fato, quem ele é. Não é só o que ele canta e o que ele toca. Isso daí a gente já sabe. Mas é o ser humano que ele é.”