Se muitas vezes a gente decide ver uma peça de teatro por causa de uma foto legal do espetáculo, imagina, então, ser impactado por um vídeo com qualidade de cinema e que te instiga a mergulhar fundo naquela história.
Com mais de 1 milhão de visualizações só no Instagram, os vídeos teasers criados e dirigidos por Lucas Pimenta colocam a divulgação teatral no Brasil em outro nível ao combinar conteúdo exclusivo, qualidade artística e conexão imediata com o público, valorizando ainda mais as produções.
Fundador da Smiley Pepper Films, Lucas, de 30 anos, é o responsável pelos vídeos de divulgação de obras como “Peter Pan, O Musical da Broadway”, “Patrulha Canina”, “Beetlejuice”, “Uma Babá Quase Perfeita” e “Querido Evan Hansen”.
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Ele conta que o projeto mais complicado, até agora, foi a produção de conteúdo audiovisual para “Querido Evan Hansen”, já que o material fez parte do cenário e ajudou a contar a história. “Mas, de teaser, é relativo. Geralmente nós finalizamos em uma diária. Talvez a pós-produção do ‘Babá’ tenha sido o que mais tomou tempo, por conta do desenho de som.”
Sobre o número de pessoas envolvidas nas filmagens, Lucas diz que depende do projeto: em “Evan”, por exemplo, foram quatro profissionais atrás das câmeras; já em “Babá”, 16.
Filho de Renata Borges, fundadora da Touché Entretenimento, uma das produtoras teatrais mais premiadas do Brasil, Lucas fortalece a parceria entre a Smiley Pepper Films e a Touché a cada temporada, ampliando o alcance das produções a partir do chamado marketing 360°.
Lucas Pimenta conversou com o Culturice sobre a produção de vídeos para a divulgação teatral no Brasil e a importância deste investimento, fazendo uma comparação com a publicidade do basquete nos Estados Unidos.
Leia logo abaixo o bate-papo.
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Entrevista com Lucas Pimenta
Culturice – Quais projetos de vídeo você já fez relacionados ao teatro?
Lucas Pimenta – Recentemente, desenvolvi o vídeo teaser para “Uma Babá Quase Perfeita”. Ainda esse ano estive à frente das produções audiovisuais do “Querido Evan Hansen”, tanto na parte de divulgação, quanto do conteúdo de vídeo do espetáculo.
Também pude desenvolver uma campanha exclusiva do espetáculo “Paw Patrol” com a temática de adoção, projeto que foi selecionado em alguns festivais. O vídeo teaser de “Beetlejuice”, que foi a grande revelação do Eduardo Sterblitch no papel, além do “Peter Pan, O Musical da Broadway”.
Culturice – Como surgiu a ideia de começar a criar para o teatro, especificamente?
Lucas Pimenta – Dentre as minhas formações, a primeira de todas foi Comunicação/Marketing. Sempre tive um olhar diferente ao me deparar com campanhas: entender como aquilo tem um impacto na minha rotina, de que forma aquelas sequências de imagens podem gerar gatilho, de que maneira a peça publicitária pode ser aprimorada ou quais diferentes caminhos poderiam ser seguidos.
Então, por muito tempo, minha cabeça ficou condicionada a enxergar um produto e buscar maneiras criativas de impactar o consumidor. A partir do momento em que o Teatro começou a estar mais presente na minha vida, esse olhar diante do “Produto Teatro” mudou.
Foi em 2017, um ano antes da estreia do “Peter Pan, O Musical da Broadway”, que apresentei a ideia de um vídeo teaser para anunciar a chegada do espetáculo em São Paulo. Basicamente é o Peter, Gancho e Smee perdidos nas ruas paulistas em busca da Terra do Nunca.
Analisando com o momento atual, evoluímos muito. Mas, para o contexto da época, vídeo roteirizado exclusivo para a peça audiovisual, sem utilização de footage de espetáculo, apresentação dos personagens fora do tablado, com uma pós-produção relativamente grande… acredito que tenha sido o primeiro do mercado brasileiro. De qualquer forma, foi muito divertido. Quer dizer, sempre é!
Culturice – Em sua opinião, qual a importância de projetos audiovisuais para o teatro? Acha que atrai mais público para os espetáculos?
Lucas Pimenta – Eu acredito que a melhor divulgação sempre vai ser o boca a boca. Receber a indicação de um amigo ou familiar, escutar uma conversa na mesa ao lado sobre o “maravilhoso espetáculo de ontem”, enxergar vidas transformadas depois de uma sessão ou até mesmo aquele post orgânico com um relato que vem do coração. Nada supera isso.
Mas nem sempre é fácil começar uma temporada dessa maneira, ainda mais sendo estreia. Você pode ter a qualidade que for no palco, é necessário que busque ferramentas para trazer o espectador que não te conhece.
As temporadas são curtas e o período de pré-venda é muito reduzido. Criar um projeto audiovisual que possa apresentar a história de uma maneira criativa e dinâmica é um excelente caminho para entender o feat. do público com seu produto. E, apesar do consumo ter mudado muito nos últimos anos, as pessoas sempre sabem reconhecer um produto de qualidade.
Culturice – Hoje em dia, apesar de ter aumentado o número de projetos teatrais que investem em vídeos especiais, ainda é algo raro. Você acha que é algo que está ganhando força no Brasil? Por que, em sua opinião, vale a pena o investimento?
Lucas Pimenta – Eu acho que é muito importante falar sobre isso e fazer alguns comparativos. É legal pegar como exemplo o esporte. Você já viu como o basquete é envelopado nos Estados Unidos?
As campanhas são impecáveis. Storytelling? Absurdo! Cada jogo é um acontecimento. Existe um cuidado muito grande com o produto. As datas comemorativas? Celebradas. As tradições? Mantidas. Inovações? Estão sempre abertos. O americano entendeu a necessidade de tratar o esporte como entretenimento. Vai além de acompanhar o esporte, você faz parte de um evento e isso falta muito no Brasil.
Basta analisar nosso futebol. Somos o berço dos maiores talentos, reconhecidos no mundo como “O país do futebol”, mas qual cuidado existe na nossa Liga Nacional? Zero.
Acredito que é vital ter o mesmo entendimento no teatro: ter um pouco mais do olhar de “entretenimento”. Envelopar com cuidado, pensando no espectador e na experiência que ele vai ter. E essa experiência não pode começar apenas no palco. É uma jornada. Dessa forma você possibilita que mais pessoas sejam atingidas pela arte.
É claro que de acordo com o budget da produção isso precisa ser adaptado. Mas enxergo poucas grandes produções tendo esse olhar. A Touché está sempre aberta para inovar, assim como a Estamos Aqui. Inclusive, acredito que esses projetos audiovisuais são uma excelente oportunidade de produções menores se apresentarem como grandes no mercado.
Vale a pena o investimento. E espero que mais produções sigam essa caminho. Sempre me coloco à disposição para trocar e ajudar.