Em ‘Estrelas Além do Tempo’, negras lutam contra o racismo na NASA

Baseado em fatos reais, o drama se passa em 1961 e mostra as dificuldades de cientistas negras


 

É comum, ainda hoje, que a aparência prevaleça sobre a capacidade de um funcionário em um ambiente de trabalho. Imagine, porém, essa situação em 1961, quando racismo nos Estados Unidos não era crime – era encorajado. “Estrelas Além do Tempo”, que chega aos cinemas brasileiros em 2/2, mostra a trajetória real de três mulheres negras que lutam para conseguir espaço dentro da NASA, a agência espacial norte-americana.

Katherine (interpretada por Taraji P. Henson, da série “Empire”) é uma brilhante matemática, capaz de fazer os cálculos mais difíceis. Ela trabalha na NASA, mas, como as outras mulheres negras, fica confinada em um prédio destinado a apenas afro-descendentes. Lá, ao lado das colegas Dorothy (Octavia Spencer, indicada ao Oscar pelo papel) e Mary (Janelle Monáe), ela calcula lançamentos e pousos de foguetes.

estrelas alem do tempoOctavia Spencer, Taraji P.Henson e Janelle Monáe em cena de “Estrelas Além do Tempo” (Foto: Divulgação)

A moça é chamada, porém, para ajudar temporariamente o chefe Al Harrison (Kevin Costner): na equipe dele, nenhum profissional parece ser capaz de trabalhar com geometria analítica. Katherine se vê, então, em meio a uma intimidadora equipe formada por homens brancos, com exceção de apenas uma secretária – que é branca.

É importante lembrar que a história se passa em meio à Guerra Fria: a maior preocupação da NASA é provar ao mundo que a tecnologia norte-americana supera os avanços soviéticos. Para tanto, a equipe de Harrison precisa conseguir calcular a fórmula para que o astronauta John Glenn (Glen Powell) possa ser lançado em órbita e retornar com segurança à Terra, pousando em um local exato.

Sutilmente, Katherine tenta provar que tem conhecimento para cumprir a missão. Na sua rotina, porém, ela tem de enfrentar a rejeição de colegas como Paul Stafford (Jim Parsons, da série “The Big Bang Theory”) e situações para lá de absurdas: não pode usar, por exemplo, a mesma cafeteira que os brancos e muito menos o mesmo banheiro —quando precisa urinar, ela tem que correr por 800 metros até seu prédio antigo, que tem o banheiro para mulheres negras.

Paralelamente, o filme mostra as histórias de outras duas mulheres negras. Dorothy já realiza o trabalho de supervisora, mas não foi oficialmente promovida e nem ganha o salário digno do cargo.

Mary, por outro lado, sonha em ser engenheira. Para isso, porém, precisa fazer um curso em uma escola exclusiva para brancos.

Sob direção de Theodore Melfi, “Estrelas Além do Tempo” tem bom ritmo e carga dramática na medida certa — as indicações ao Oscar de melhor filme e de melhor roteiro adaptado não são gratuitas. Assim como “Histórias Cruzadas” (2011), faz com que o espectador reflita sobre como situações racistas e absurdas aconteciam descaradamente há pouco tempo —e como continuam a acontecer em algumas esferas da sociedade.

Avaliação: Bom

ASSISTA AO TRAILER DE “ESTRELAS ALÉM DO TEMPO”