“Quatro de Vidas de um Cachorro”, que estreia nesta quinta (26), comoveu a internet quando divulgou seu trailer. O que parecia ser um filme que certamente arrecadaria milhões e milhões em bilheteria, porém, foi por água abaixo antes mesmo da estreia. Um vídeo dos bastidores foi divulgado dias antes: nas imagens (veja aqui), um pastor alemão é forçado a entrar em um simulador de correntezas. O Peta, organização americana de defesa aos animais, pediu boicote ao filme. Os internautas fizeram coro e prometeram não assistir ao longa.
Polêmicas à parte, é trabalho do jornalista avaliar o filme como produto final. Fomos assistir à sessão tentando ignorar as notícias que haviam saído anteriormente para fazer uma análise isenta e honesta.
Dennis Quaid interpreta o dono da quarta vida do cão, agora chamado Buddy (Foto: Divulgação)
Pois bem, a primeira dica é: se você é uma das pessoas que chorou um monte no trailer (e que ainda quer ver o filme), pode deixar a caixa de lenços em casa. “Quatro Vidas de um Cachorro” não consegue atingir a profundidade e provocar a emoção que prometeu.
Baseada no livro de W. Bruce Cameron, a trama acompanha um cãozinho, sempre dublado por Josh Gad, que (como o título sugere) tem quatro vidas, quatro reencarnações diferentes.
A primeira delas é o retriever Bailey, que é adotado pelo garotinho Ethan. Bailey acompanha seu dono desde a infância até a adolescência e presencia a difícil relação do menino com o pai, que é alcoólatra.
A segunda vida é Ellie, um pastor alemão fêmea (sim, o cão do vídeo polêmico) que é treinada pelo policial Carlos.
Na terceira reencarnação, o cão é o corgi Tino, que é criado pela estudante Maya. Solteira, ela tenta se convencer de que o cachorro é amor suficiente em sua vida.
Na quarta e última vida, o cão protagonista volta como o bernese Buddy, que sofre maus tratos dos primeiros donos e é abandonado.
O objetivo do filme é discutir o propósito de vida dos cães (o título original é justamente “A Dog’s Purpose”). O problema é que, com exceção do primeiro cão, Bailey (cuja narrativa é mais longa), o espectador não consegue se apegar às histórias — talvez porque elas sejam curtas demais.
Logo nos acostumamos aos cães vivendo, morrendo e passando para uma outra vida. Em todas as reencarnações, o cachorro dá carinho e muda a vida do dono — o que é bonito, claro, mas qual é a novidade?
Para não parecer que não temos coração, aí vai uma reflexão: em comparação ao — esse, sim, emocionante —”Marley & Eu” (2008), “Quatro Vidas de um Cachorro” sai perdendo, e muito. Talvez seja essa a prova de que vale mais a pena contar uma história bem contada do que tentar emocionar por narrativas variadas.
Avaliação: Regular.
ASSISTA AO TRAILER DE “QUATRO VIDAS DE UM CACHORRO”