‘Silêncio’, de Scorsese, tem bela fotografia, mas peca no ritmo muito lento

Com Andrew Garfield, "Silêncio" retrata padres católicos em um Japão intolerante


 

“Silêncio”, que estreia nesta quinta (9/3), é um filme que se destaca na filmografia de Martin Scorsese, responsável por longas como “O Lobo de Wall Street” (2013), “Ilha do Medo” (2010) e “O Aviador” (2004), só para citrar exemplos mais recentes. “Silêncio” tem um visual mais sóbrio —e muito belo— e um ritmo mais lento, o que é um problema em algumas partes do filme.

Outro ponto negativo está justamente ligado ao enredo, inspirado em fatos reais. No século 17, dois padres portugueses viajam ao Japão para encontrar seu mestre, que desapareceu no país —na época, fechado ao mundo e 100% intolerante com o catolicismo (e é essa parte da história que é real). Os jesuítas Sebastião Rodrigues e Francisco Garupe são interpretados por Andrew Garfield (de “Até o Último Homem”) e Adam Driver (“Star Wars – O Despertar da Força”). Embora a atuação dos dois seja boa, eles não convencem como portugueses.

silencio 8À direita, Andrew Garfield e Adam Driver, que interpretam padres portugueses (Foto: Divulgação)

Rodrigues e Guarupe são guiados pelo japonês Kichijiro (Yosuke Kubozuka), que parece ter deixado de ser cristão e esconde um passado negro. Nas perigosas terras japonesas, os padres se escondem em vilarejos —secretamente pregando o catolicismo— enquanto procuram pelo mestre Ferreira (Liam Neeson).

Os protagonistas, porém, colocam em perigo todos os católicos que apoiam. O filme tem cenas angustiantes ao retratar a repressão das autoridades japonesas contra os camponeses.

“Silêncio” é um projeto muito pessoal para Scorsese: ele tenta financiá-lo e tirá-lo do papel há anos (o plano era que o dirigisse logo depois de “Gangues de Nova York”, de 2002) e é o primeiro filme de ficção que roteiriza desde “Cassino” (1995).

O longa tem pontos positivos. Além da bela fotografia (que rendeu à produção uma indicação ao Oscar), a trama aborda, de maneira muito clara, a intolerância religiosa —e não só a dos japoneses, mas também a dos jesuítas. É a velha “batalha” para provar que existe um “certo” e um “errado” nas diferentes crenças. O ritmo demasiado lento, porém, torna o longa (que tem 2h40) cansativo em algumas partes.

Avaliação: Regular.

 

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