O Sesc Pompeia, na zona oeste de São Paulo, vem sofrendo ataques na internet por sediar um debate, entre os dias 7 e 9 de novembro, com a filósofa estaduniense Judith Butler. Ela vem falar sobre o tema “Os Fins da Democracia”, mas vem acumulando críticas de brasileiros pelo fato de estudar a identidade de gênero.
Além de ser um exemplo na área, Judith Butler é uma das principais figuras feministas e atualmente dá aulas na Universidade de Berkley, na Califórnia. Ela é a autora da chamada Teoria Queer, que, na década de 1980, desconstruiu o conceito de se classificar pessoas simplesmente pelo gênero biológico, “homem” ou “mulher”, e defendeu que a identidade de cada um é formada ao longo da vida. Butler tem no currículo livros conceituados sobre o assunto, como “Problemas de Gênero – Feminismo e Subversão da Identidade”.

Judith Butler, que vem a São Paulo falar sobre democracia (Foto: Reprodução)
Não é a primeira vez de Butler no Brasil: ela já esteve no país em 2015. Mas, desta vez, na esteira das polêmicas no MAM e no Masp, passou a sofrer ataques de grupos conservadores.
Em cerca de 24 horas, a página do Sesc Pompeia no Facebook recebeu 386 avaliações negativas – foi a mesma tática usada para criticar o MAM e o Santander, que organizou a mostra do Queermuseum em Porto Alegre.
Uma petição online – de autoria anônima – pede o cancelamento das palestras. Iniciada em 26/10, já conta com mais de 100 mil assinaturas.
Em resposta aos protestos conservadores, 3.000 artistas e apoiadores avaliaram positivamente o Sesc Pompeia no Facebook, como a poeta Alice Ruiz e os músicos Juçara Marçal, Mariá Portugal, Ricardo Herz, Dudu Tsuda e Leo Cavalcanti.
“Os Fins da Democracia” também conta com a participação Natalia Brizuela, também da Universidade de Berkley, e Vladimir Safatle, da Universidade de São Paulo (USP). E, apesar de todos os protestos online, os ingressos estão esgotados.