Lançada pela Netflix no fim de março, “13 Reasons Why” não tem zumbis, clones e nem paranormais. Mas é o hiper-realismo que se torna seu maior trunfo para o sucesso.
Inspirada no livro “Thirteen Reasons Why” (“Os 13 Porquês”, em português), de Jay Asher, a série é protagonizada por Clay Jensen (Dylan Minnette), garoto que recebe uma caixa com sete fitas cassete gravadas por Hannah Baker (Katherine Langford que, por sinal, está brilhante no papel).
A menina, que era sua paixão no colégio, se suicidou duas semanas antes de Clay receber as fitas -e gravou nelas os motivos pelos quais a levaram a cometer suicídio. Cada lado é dedicado a uma pessoa, um dos responsáveis (na visão de Hannah, deixemos claro), por sua partida.
“13 Reasons Why” não é uma série para todos e, apesar de ser protagonizada por adolescentes, não é uma série adolescente. Mas acerta mais do que erra. Fala sobre bullying, assédio sexual, depressão e tantos outros assuntos recorrentes não só no dia a dia de estudantes.
Aqui, você encontra 13 motivos para assistí-la:
Katherine Langford atua brilhantemente no papel da jovem Hannah Baker (Divulgação)
1. Precisamos falar sobre bullying e suicídio. E, convenhamos, não existe um jeito simpático de tocar nesses assuntos. Após assistir à série, você no mínimo vai querer entender melhor estes problemas, como eles afetam os jovens e de que forma você pode -como pai, professor, adulto ou simplesmente amigo- evitá-los.
2. Hannah Baker mostra que qualquer um pode sofrer bullying. Ela não é gorda, não tem nenhuma deficiência e nem vem de uma família desestruturada. Ou seja, foge dos clichês que a colocariam como passível de ser alvo de ataques. Ela é tão comum que poderia ser eu ou você.
3. Você vai pensar duas vezes nos seus atos. Ainda que a série se paute no ponto de vista da menina, vale dizer novamente, os motivos que Hannah revela como precedentes de sua morte vão te fazer pensar que, o que não é muito pesado para um, pode ser para outro. E que você deve ter cuidado com a forma como trata as pessoas.
4. Se você tem filhos, vai querer conversar mais e conhecê-los a fundo. É aflitivo ver a mãe de Hannah tentando entender as razões que levaram a filha a tirar a própria vida. A sensação de que ela só descobre quem a menina realmente era depois de sua morte é aflitiva, triste, mas marcante.
5. Você não vai tolerar o machismo. Simplesmente porque ele não deve ser tolerado. E porque as cenas de assédio vão te lembrar o quanto uma atitude machista é execrável.
6. Aliás, você não vai ficar quieto se vir alguém sofrendo bullying ou assédio. Vale mencionar uma explicação que Hannah dá logo na primeira fita: de as gravações são para “alguém que talvez tenha feito algo cruel. Ou que só tenha observado acontecer”. Porque, muitas vezes, o observador é cúmplice.
7. A dramartugia é ótima. E aqui, sem mimimis do tipo “mas a série é pesada” ou “pode servir de gatilho para comportamentos suicidadas”… Estamos falando de roteiro, de adaptação, de elenco. E o fato é que você vai começar a assistir e não vai querer parar. Como suspense, é ótima série.
8. Kate Walsh, de “Grey´s Anatomy”, e Brian d’Arcy James, de “Spotlight”, estão fenomenais nos papeis dos pais de Hannah. Você vai sofrer e se angustiar junto com eles, pais aparentemente dedicados que, de fato, não entendem o porquê daquilo estar acontecendo.
9. As cenas de estupro e suicídio são hiper-realistas. Vão te balançar, são pesadas, mas você vai entender que elas estão ali porque têm que estar -porque é preciso tocar na ferida para trazer o assunto à tona (pontos, novamente, para a dramaturgia).
10. Se você é adolescente e já sentiu alguma apreensão parecida com as da Hannah, vai entender o quanto é importante desabafar e colocar o que te aflinge para fora. Aliás, após o lançamento da série, o a associação brasileira CVV (Centro de Valorização da Vida) informou que o número de contatos de pessoas pedindo ajuda duplicou.
11. Você vai repensar o papel da escola na formação do adolescente. A série faz uma crítica ao modelo norte-americano, explítica em uma fala de Hannah, que diz que a escola te condiciona a pensar, onde sentar e até a hora de fazer xixi. E depois, quando o adolescente completa 18 anos, é obrigado a tomar a descisão mais importante de sua vida – mesmo que nunca tenha aprendido a pensar sozinho.
12. A trilha sonora é ótima. Indie, eletrônica, pop e rock embalam as cenas, com destaque para composições de Joy Division e The Cure, entre outros nomes. Selena Gomez gravou duas músicas para a série: “Only You”, do duo Yazoo, e uma versão acústica de “Kill em’ With Kindness”, do seu último álbum.
13. É sobre muitos outros assuntos. A série também fala de machismo, de feminismo, de mídias sociais e novas tecnologias – e de como elas podem afetar, positiva ou negativamente, o dia a dia dos jovens. Fala do papel da escola na formação do aluno, sobre a descoberta da sexualidade, sobre homossexualidade e relações familiares. Um leque de possibilidades e de assuntos que devem ser colocados em evidência. (por Alice Dias)