O havaiano Jack Johnson se apresentou na terça (7/11), no Espaço das Américas, em São Paulo – antes, no domingo (5), ele tocou no Rio de Janeiro. O cantor trouxe a turnê para divulgar seu álbum mais recente, “All the Light Above It Too”, lançado em setembro.
Apesar disso, como sempre, Johnson fez uma boa mescla no repertório com músicas novas e antigas. As novas “Subplots” e “You Can’t Control It” estavam lá, mas não faltaram canções queridinhas pelo público, como “If I Had Eyes”, que abriu o show, “Upside Down”, “Sitting, Waiting, Wishing” e “Better Together”, que fechou a apresentação.
Johnson também deu toques brasileiros a algumas músicas. Emendou sua “Staple It Together” com o começo de “Mais que Nada”, de Jorge Ben Jor. Em “Belle”, o último verso “So if you have to speak to me some other way” (“você precisa falar comigo de outro jeito”) virou “Fala comigo em português” – e foi em português mesmo.
O havaiano teve uma recepção calorosa da casa de shows, que estava lotada (os ingressos para o show se esgotaram). Mas retribuiu: falou um pouco de português, fez piada quando esqueceu a letra e errou um acorde, foi carregado pela plateia, leu os pôsteres dos fãs e até chamou dois deles para subirem no palco e tocarem uma música.
É a vantagem de se apresentar em uma casa de shows e não em um estádio. E parece ser mesmo o estilo de Johnson, que já tocou no mesmo Espaço das Américas em 2014: ele gosta de ter contato com a plateia, e o show vira o mais intimista possível.
“SOBE AÍ”
Em 2014, quando se apresentou em São Paulo, Jack Johnson chamou um fã para tocar no palco. Ele usava uma camiseta que tinha como estampa a capa do álbum “In Between Dreams”. “Eu já vi você, não? Você não estava ontem no show no Rio, com essa mesma camiseta? Veio de novo hoje? Obrigado!”, disse Johnson na ocasião. O fã, então, disse que tocava violão. E o havaiano não teve dúvida: “Sobe aí então, toca uma música comigo”. E a casa veio abaixo.
Cerca de três anos depois, pouca coisa mudou. Johnson continuou sendo afetuoso – desta vez, em dobro. Ele atendeu dois fãs que pediram para tocar com ele.
O primeiro sortudo a subir no palco foi Henrique. “Pode tocar uma música nova?”, perguntou Johnson, e o jovem confirmou. “Vamos tentar, se não der certo, tudo bem. Não estou prometendo nada, hein, não conheço o cara”, brincou o cantor. Johnson começou a tocar “Sunsets for Everybody Else”, mas o fã se atrapalhou.
O músico parou a canção e foi conversar com ele: Henrique sabia melhor o começo da música, não sabia pegar do meio. A resposta? “Sem problemas, a gente começa de novo”.
No meio da música, mais um pequeno imprevisto. “Eu esqueci a letra”, disse Henrique. “Eu também”, riu Johnson “Vamos continuar tocando e voltamos para o refrão; eles nem vão perceber”, brincou.
O segundo fã a subir no palco foi Hugo, sem violão. “Como está seu assobio? Consegue assobiar?”, perguntou Johnson. Eles engataram então “I Got You” e a cantaram juntos.
“MAIS UMA VEZ. ESQUECI A LETRA”
Johnson engatou os primeiros acordes de “Taylor”, canção que está no álbum “On and On”, de 2003. O público logo começo a cantar “They say Taylor was a good girl, never want to be late”.
O cantor deixou a plateia entoar sozinha por um tempo. Depois, riu e admitiu: “Muito obrigado. Mais uma vez porque eu esqueci a letra”. Até tinha um papel com uma cola no palco. “Mas é muito difícil tocar e ler ao mesmo tempo, por isso esqueci”, justificou.
Em outra música, Johnson admitiu mais um erro – e esse pouca gente teria percebido. “Errei um acorde aqui”, disse no meio da canção. “Agora, sim, está certo”.
“WILLIE ME DEIXOU DOIDÃO E ROUBOU MEU DINHEIRO”
Em vários momentos do show, Jack Johnson se esticou por cima da plateia para alcançar pôsteres que os fãs trouxeram. “Não enxergo de longe, não consigo ler. Passem para cá”.
Alguns pediam canções, outros eram mais criativos. Ele gostou particularmente de um que recebeu no fim da apresentação. “Uau, é um dos pôsteres mais legais que recebi. Obrigado”. Eram duas imagens: a de cima era Willie Nelson dizendo “Alguém quer ficar doidão comigo?”; a foto de baixo era Jack Johnson acenando e dizendo “Oi!”.
“Adorei. Vocês conseguem ver? Eu estou dizendo “oi” aqui embaixo com uma cara feliz”, explicou ele. “E tem uns dinheiros voando”, indicou algumas cédulas de dólar com asas. “Eu fiz uma música depois que conheci Willie Nelson, de quem sou fã”, disse. “Me desculpem se eu esquecer a letra”. E emendou “Willie Nelson Got Me Stoned and Stole All My Money” (em tradução livre “Willie Nelson me deixou doidão e roubou todo meu dinheiro”).
Divertida, a canção relata uma noite em que Johnson fumou maconha e jogou pôquer com Willie Nelson, mas perdeu feio. Ele não tinha mais dinheiro para pagar o táxi e voltar para casa.
“ALGUÉM CHACOALHOU MINHA CABEÇA”
Atendendo a pedidos mais ousados, Jack Johnson topou ser carregado pela plateia que estava em frente ao palco. O público o passou por cima das cabeças por um tempo.
Johnson voltou ao palco, rindo. “Foi legal. Alguém pegou minha cabeça e chacoalhou, quem foi?”.
“É A MULHER MAIS SORTUDA DO MUNDO”
Já no bis, Johnson tocou “Do You Remember”, que nunca sai de seu repertório. É uma declaração de amor à mulher dele. Na música, o verso original é “Mais de dez anos se passaram”. No show, já virou “Mais de 24 anos se passaram”.
“Ai, olha isso, ela é a mulher mais sortuda do mundo!”, comentou uma moça na plateia.
AO VIVO, MAS PELO CELULAR
Como sempre, celulares (e até tablets!) foram erguidos pela plateia para gravar vários trechos do show. Mas o recorde foi em “Sitting, Waiting, Wishing”: a repórter contou 42 celulares só ao redor dela, na pista premium. O número se repetiu em “Banana Pancakes”, que encerrou o bis.