Crítica | ‘Extraordinário’ consegue emocionar sem recorrer à apelação

O filme fala sobre a dificuldade de Auggie, que nasceu com uma síndrome que o deixou com deformidades no rosto, em se adaptar à escola


Existem histórias que claramente foram criadas para fazer o público chorar. Foi o caso, por exemplo, de “A Culpa É das Estrelas” (2014) e é também o caso de “Extraordinário”, que estreia nesta quinta (7/12), mas com uma grande diferença: o novo filme não apela para dramas pesados.

É claro que a história não é exatamente leve. Na trama, baseada no livro de R.J. Palacio, Auggie Pullman (interpretado pelo sempre bom Jacob Tremblay, de “O Quarto de Jack”) nasceu com uma síndrome que o deixou com deformidades no rosto. Aos dez anos de idade, ele já passou por 27 cirurgias para poder enxergar e ouvir. 

Auggie tem uma família especial: os pais Nate e Isabel (Owen Wilson e Julia Roberts) fazem tudo por ele, enquanto a excelente irmã mais velha, Via (Izabela Vidovic), o apoia e deixa o egoísmo de lado – afinal, claro, Auggie recebe quase toda a atenção dos pais.

Jacob Tremblay e Julia Roberts em cena de “Extraordinário” (Foto: Divulgação)

Em um ato corajoso, mas necessário, Nate e Isabel decidem que é hora de Auggie enfrentar o mundo e frequentar a escola como uma criança comum – até então, ele tinha sido educado em casa pela mãe. 

O garoto, então, precisa se preparar: ele sabe que será difícil fazer amigos por seu rosto ser tão incomum.

Um ponto muito positivo é a preocupação em retratar outras crianças e jovens, além do protagonista. Auggie, claro, enfrenta um grande desafio em ser aceito. Mas todo mundo também passa por isso. O melhor amigo dele, Jack Will (Noah Jupe), tira sarro de Auggie só para não ser excluído pelos outros meninos. A irmã, Via, entra para o grupo de teatro da escola para tentar aliviar a perda da melhor amiga, Miranda – que, afinal, se afastou dela por também tentar ser aceita entre outros jovens.

Dirigido por Stephen Chbosky (de “As Vantagens de Ser Invisível” e que também assina a adaptação do roteiro), o longa acerta em equilibrar drama e comédia: arranca umas lágrimas, claro, mas a interação de Auggie com as outras crianças também faz rir. As ótimas atuações do elenco também são um ponto alto.

Em “A Culpa É das Estrelas”, tudo que pode dar errado dá, para forçar as lágrimas. Em “Extraordinário”, por outro lado, os dramas não são exagerados e a mensagem deixada pelo filme é bastante positiva. Quando sobem os créditos é que percebemos o quanto o longa deu certo: tem uma história pesada, sim, mas nos faz sair do cinema nos sentindo mais leves.

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