Com ópera rock ‘Doze Flores Amarelas’, Titãs debatem abuso contra as mulheres

Depois de passar por Curitiba e São Paulo, com ingressos esgotados, espetáculo tem sessão para gravação de DVD


(Esta matéria foi atualizada em 8/5, às 16h57)

Depois de 36 anos de carreira, a banda Titãs decidiu explorar um novo território. Com Branco Mello, Toni Belloto e Sérgio Britto, a ópera rock “Doze Flores Amarelas” estreou em São Paulo em abril, no Sesc Pinheiros, com ingressos esgotados. Mas há uma nova chance para ver o espetáculo: no sábado (12/5), há sessão no Teatro Opus, no shopping Villa-Lobos, quando será gravado um DVD. Os ingressos inteiros custam de R$ 140 a R$ 220 e estão à venda pelo site uhuu.com.

Sob direção de Hugo Possolo e Otavio Juliano e com roteiro que teve colaboração de Marcelo Rubens Paiva, “Doze Flores” teve pré-estreia no Festival de Teatro de Curitiba, onde o Culturice conferiu o espetáculo.

Dividida em três atos, a ópera rock mistura elementos de teatro, cinema e, claro, música. Com 25 canções inéditas, compostas especialmente para o projeto, os Titãs narram a história das jovens Maria A, Maria B e Maria C (interpretadas por Corina Sabbas, Cynthia Mendes e Yas Werneck), que são estupradas por colegas em uma festa. Após o crime, elas decidem se vingar.

As personagens são guiadas por um aplicativo de celular chamado Facilitador, uma espécie de oráculo que responde a perguntas. É ele quem fornece uma “solução” para o problema das garotas: o feitiço Doze Flores Amarelas (daí o nome da ópera), que pode causar a morte dos estupradores.

Elenco da ópera rock “Doze Flores Amarelas” (Foto: Silmara Ciuffa/Divulgação)

“Doze Flores” tem boas canções e algumas ótimas, como “Me Estuprem”, que já tinha sido apresentada no Rock in Rio. Apesar de serem boas, as músicas não são tão envolventes e não dão conta do enredo sozinhas: a narração de Rita Lee, inserida em alguns momentos do espetáculo, ajuda na compreensão da história. Mesmo assim, alguns momentos parecem desconectados.

No espetáculo, os Titãs criticam, claro, o abuso contra as mulheres e o machismo, mas também discutem temas como o aborto, o conservadorismo, religião, relações familiares e a influência da tecnologia na vida dos jovens. Porém, por serem tantos temas, eles acabam tendo uma abordagem rasa. Segundo a descrição da sinopse, as meninas são incentivadas pelo aplicativo Facilitador a irem na festa onde são estupradas – mas, na ópera, essa influência não fica clara.

O visual da ópera é o ponto alto. Combinado à iluminação colorida, o cenário são telões que mostram belas projeções de ambientes – por vezes, os atores e cantores interagem com as imagens: recurso interessante que poderia ser usado com mais frequência no espetáculo. A interação, aliás, também poderia ser mais frequente entre as meninas e os Titãs, que acabam assumindo o papel de protagonistas ao invés de narradores da história.

“Doze Flores Amarelas” sai em turnê pelo Brasil a partir de junho. As músicas serão disponibilizadas nas plataformas digitais, um ato por vez.

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Doze Flores Amarelas

Onde: Teatro Opus – shopping Villa-Lobos, 4º piso – av. das Nações Unidas, 4777, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP.
Quando: Sábado (12/5), às 21h.
Quanto: R$ 140 a R$ 220 (ingressos inteiros), pelo site uhuu.com