Multiartista Zéu Britto usa insônia para criar comédia ‘Delírios da Madrugada’

Chamado de "stand-up melody", espetáculo tem últimas sessões marcadas em São Paulo (Parlapatões) e no Rio de Janeiro (Café Pequeno)


O humor é algo extremamente natural em Zéu Britto. Está no jeito despojado de falar, na risada marcante, no dom de transformar um acontecimento corriqueiro em algo divertido. No espetáculo “Delírios da Madrugada”, que terá as últimas sessões em São Paulo neste fim de semana, ele entretém o público com causos observados durante longas noites em claro.

Zéu Britto durante o show “Delírios da Madrugada” (Fabiana Seragusa/Culturice)

“Minha insônia sempre foi acentuada, vai até umas 4, 5 da manhã, é um horário que todo mundo está dormindo e eu me sinto sempre solitário na minha maluquice. Então o ‘Delírios’ surgiu de uma necessidade de dividir com a plateia minhas experiências na madrugada”, conta o artista.

Quer dizer, multiartista. Além de humorista nato, ele é escritor, ator, cantor e compositor. Como não podia deixar de ser, ele também usa suas músicas em cena, como um “respiro” entre uma história e outra. São seis no total, incluindo a famosa “Soraya Queimada”, trilha do filme “Meu Tio Matou um Cara” (2004), e as perspicazes “Hino em Louvor à Raspada” e “Lençol de Casal”. “Tem hora que fica parecendo show, depois volta pra piada, para aquele clima de conversa, contação de história. O ‘Delírio’ é risadaria, humor rasgado, é uma algazarra de um clown, um clown surreal que não dorme.”

“Delírios da Madrugada”… de pijama, claro

É de pijama que ele entra para fazer o espetáculo, que fala de programas bizarros da madrugada, de bonecas, de sexo, de avião. “É o olhar dessa pessoa que realmente não dorme, que está de pijama porque nunca sai desse estágio de tentar dormir, e aí divide as experiências das madrugadas não dormidas.” A direção é de Caio Bucker, responsável por dar uma unidade ao espetáculo, que na fase de testes chegou a ter 2 horas de duração. “Ele é muito sagaz, ótimo, amarrou tudo”, conta Zéu. 

As últimas sessões em São Paulo serão nesta sexta (25) e no sábado (26) no Parlapatões, às 23h59, com ingressos a R$ 40. No Rio, o Café Pequeno recebe mais duas apresentações nas próximas duas quintas-feiras (24 e 31), às 22h, com entrada também a R$ 40.

Zéu Britto em “Delírios da Madrugada” (Fabiana Seragusa/Culturice)

Projetos no cinema e no YouTube

Nascido em Jequié, interior da Bahia, Zéu mora há três anos em São Paulo. Em seus pouco mais de 20 anos de carreira, atuou em inúmeras séries, peças e filmes. E é no cinema que ele aparece a partir da próxima semana (31/5) em “Não se Aceitam Devoluções”, com direção de André Moraes e nomes como Leandro Hassum e Jarbas Homem de Mello no elenco. “Eu vivo um surfista loiro, um personagem ótimo, muito engraçado”, diz. “É um filme emocionante, você ri, ri, ri, depois toma uma rasteira do roteiro e chora.”

Ele conta que também está fazendo preparação para outro longa, chamado “Compro Likes”, que vai começar a ser rodado em junho. “O filme fala desse mundo novo da internet, de pessoas que fantasiam seu próprio sucesso, forjam seu próprio sucesso e, de repente, em pouco tempo viram um mito, uma coisa, do nada. Isso é um fenômeno mundial. Vai dar o que falar.”

Zéu Britto, Maria Bia e Leandro Hassum em “Não se Aceitam Devoluções” (Divulgação)

Além dos projetos nas telonas, Zéu recebeu convite para fazer um musical no Rio em setembro, mas ainda não está nada definido. Fora isso, ele já está gravando episódios para seu canal no YouTube, que vai voltar com tudo em junho. “O novo programa se chama ‘Delírios de Zéu’ e vai ter depoimentos surreais a partir de fatos da vida”, explica.

Sobre os diversos tipos de projetos, Zéu diz que gosta de “dar vazão aos chamados artísticos” e variar sempre. “Adoro essa mudança. Eu sempre considero que a vida está boa quando tem muita mudança.”