“Moonlight – Sob a Luz do Luar”, que estreia nesta quinta (23), é um exemplo de história bem contada. Com roteiro e direção de Barry Jenkins, o filme acompanha a vida de Chiron, em três fases. O protagonista faz parte de uma minoria dobrada: é negro e gay. Sensível, “Moonlight” é o candidato mais forte para fazer frente ao favorito “La La Land – Cantando Estações” na categoria do Oscar de melhor filme.
O longa tem uma narrativa simples, porém extremamente bem desenvolvida, e cinematografia impecável. Começa contando a história de Pequeno (Alex Hibbert), como Chiron era apelidado na infância. O garoto sofre com a implicância dos colegas da escola, que o julgam “diferente”. Em casa, as coisas não são melhores: sua mãe, Paula (Naomie Harris, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante, em uma atuação marcante), é viciada em crack e vive levando homens para casa.
Mahershala Ali e Alex HIbbert em cena de “Moonlight – Sob a Luz do Luar” (Foto: David Bornfriend/Divulgação)
A vida de Pequeno começa a mudar quando ele conhece Juan (Mahershala Ali, indicado ao Oscar de ator coadjuvante), um traficante do bairro de periferia onde moram. Ele e sua mulher, Teresa (Janelle Monáe, de “Estrelas Além do Tempo”), são os únicos que estendem a mão a Pequeno e o aceitam como ele é.
A segunda fase do filme mostra Chiron (agora tratado pelo nome, interpretado por Ashton Sanders) como adolescente e continua explorando a difícil relação com a mãe, a boa relação com Teresa, a relação contraditória com o amigo Kevin (Jharrel Jerome) e a real descoberta de sua orientação sexual.
A terceira fase mostra Preto (Trevante Rhodes), um Chiron adulto, forte, estável economicamente e traficante, assim como Juan.
É interessante notar que o filme é quase exclusivamente orientado pelo ponto de vista de Chiron. Ele aparece em todas as cenas, com exceção de uma sequência apenas entre Juan e a mãe, Paula.
O roteiro de Jenkins (indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado) é muito acertivo em mostrar como uma pessoa cresce e tem, aos poucos, a personalidade mudada por influências externas —seja o ambiente no qual vive, as dificuldades em família ou a exclusão social e o bullying sofridos na infância e na adolescência.
A mudança de nome pelo qual o protagonista é tratado deixa isso muito claro. Ele realmente é uma pessoa diferente a cada capítulo do longa.
O filme ainda está indicado aos Oscar de melhor fotografia, melhor edição, melhor direção e melhor trilha sonora.
Avaliação: Ótimo.
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