Depois de um intervalo de mais de 30 anos, Ridley Scott dá continuação ao seu “Blade Runner, o Caçador de Androides” (1982). Desta vez, ele se ocupa só da produção e deixou a cadeira de diretor para Denis Villeneuve (de “Os Suspeitos” e “A Chegada”), que comanda com destreza “Blade Runner 2049”, que estreia nesta quinta (5/10).
A trama, claro, se passa em 2049 – e, portanto, exatos 30 anos após os acontecimentos do primeiro filme. Nesse intervalo de tempo, a empresa Tyrell, responsável por criar os replicantes (androides idênticos a humanos, mas usados para mão de obra pela sua super força), foi à falência, e o ecossistema da Terra ruiu. Niander Wallace (interpretado por Jared Leto – um personagem que é mal aproveitado, infelizmente) comprou o que restou da Tyrell, passou a produzir replicantes muito mais eficientes e criou novos ecossistemas em nove planetas.
Nesse cenário, o filme acompanha o replicante e policial K (Ryan Gosling, de “La La Land”), um blade runner (ou seja, caçador de robôs) que busca androides de modelos mais antigos e os “aposenta”. Em uma busca na fazenda do replicante Sapper Morton (Dave Bautista, de “Guardiões da Galáxia”), ele encontra restos mortais de uma mulher.
O problema é que a moça também era uma replicante – e estava grávida, contrariando tudo que os humanos e os próprios replicantes pensavam que sabiam sobre os androides. Por ordem de sua chefe, a tenente Joshi (Robin Wright, da série “House of Cards”), K precisa encontrar o bebê (que, claro, já é adulto atualmente).
Toda a investigação de K termina envolvendo o casal protagonista do primeiro filme: Rachel e o policial Rick Deckard (Harrison Ford volta ao papel), que está sumido por todo esse tempo. Aqui vai uma dica: já que existe essa conexão entre as tramas, é importante assistir a “Blade Runner, o Caçador de Androides” (1982).
Denis Villeneuve, mais uma vez, acerta na direção. “Blade Runner 2049” tem o ritmo que já é bastante característico do diretor: lento e denso, mas muito envolvente.
A mudança no tom da fotografia do filme – ora azul e rosa, por causa dos letreiros da cidade grande, como no filme de 1982, ora laranja e marrom, pelos ecossistemas destruídos – é um tanto confusa, mas necessária para mostrar a enorme diferença presente na Terra de 2049.
A trilha sonora de Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch é grandiosa demais. Cria um suspense crescente no filme e faz com que o público espere uma grande reviravolta na trama – que não vem. Há, de fato, uma virada, mas ela não chega a surpreender.
Mas, no apanhado geral, “Blade Runner 2049” é um bom filme – talvez se iguale ao antecessor no quesito de qualidade – e mantém o bom nome da (agora) franquia.
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