Crítica | ‘Eu, Tonya’ conta possível versão de crime cometido contra patinadora

Baseado em fatos reais, o filme tem ótimas atuações de Margot Robbie e Allison Janney, ambas indicadas ao Oscar


Tonya Harding venceu o campeonato nacional de patinação no gelo nos Estados Unidos, levou a medalha de prata nos Campeonato Mundial de 1991 e foi a primeira atleta a completar o salto triplo axel, manobra dificílima. Mas ela não é lembrada por isso. Harding foi acusada de, ao lado do marido, quebrar o joelho da sua rival, a patinadora Nancy Kerrigan. “Eu, Tonya” que estreia nesta quinta (15/2), retoma a trajetória da atleta – tanto no gelo quanto na investigação do FBI. 

Margot Robbie, indicada ao Oscar pelo papel, faz o espectador ficar vidrado na tela com sua interpretação de Tonya. Desde pequena, a protagonista é criada com pulso firme pela mãe, a insensível LaVona (Allison Janney, fortíssima candidata à estatueta de atriz coadjuvante), para se tornar uma exímia patinadora.

A infância de Tonya não foi fácil: ela precisou lidar com o abandono do pai enquanto aguentava os constantes castigos e a pressão da mãe. 

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Cena de "Eu, Tonya", indicado a três Oscar (Foto: Divulgação)

Mesmo passando horas no gelo com a treinadora Diane (Julianne Nicholson), Tonya conhece o encantador Jeff (Sebastian Stan). Encantador, sim, mas só no começo: depois que começam a namorar, o homem passa a agredi-la.

Na trama, dirigida por Craig Gillespie (de “Horas Decisivas”), os personagens, mais velhos, dão entrevistas sobre o que aconteceu no passado. Às vezes, as versões da história são divergentes. Jeff, por exemplo, alega que jamais bateu em Tonya, enquanto ela jura que nunca tentou atirar nele. As entrevistas e as cenas do passado vão se intercalando, concedendo ao filme um ótimo ritmo – não à toa, “Eu, Tonya” está indicado ao Oscar de melhor edição.

Seja qual for a verdade, o longa deixa claro que Tonya Harding sempre teve que conviver com a violência, seja da mãe, seja do namorado (e, depois, marido). O fato de não ser rica e não poder comprar figurinos “apresentáveis”, como definiam os juízes, a prejudicava nos campeonatos. Tudo isso leva ao “incidente”, como os personagens chamam, que ocorreu em 1994.

Jeff bolou um plano para “assustar” Nancy Kerrigan, a principal rival de Tonya no rinque de patinação. Ele diz que o plano deu errado, mas o fato é que a atleta acabou com o joelho quebrado, impossibilitada de competir. 

Há fatos concretos mostrados no filme, como a agressão à Nancy, a investigação do FBI e o resultado dela. Mas o roteiro de Steven Rogers (de “P.S.: Eu Te Amo”) é inteligente ao deixar claro que assistimos à versão do que foi contado pelas pessoas envolvidas. Cabe ao espectador acreditar ou não em Jeff, em Tonya ou em LaVona.

A história é envolvente, sem dúvidas, mas seria bem menos interessantes sem as atuações sólidas de Margot Robbie e Allison Janney, as grandes atrações de “Eu, Tonya”.

ASSISTA AO TRAILER DE “EU, TONYA”