Crítica | ‘Pequena Grande Vida’, com Matt Damon, é exemplo de boa ideia mal executada

Na comédia de Alexander Payne, pessoas optam por serem encolhidas para poupar os recursos do planeta Terra


“A intenção até era boa”, uma frase que costumamos ouvir bastante por aí. Ela se aplica ao filme “Pequena Grande Vida”, que estreia nesta quinta (22/2). A intenção até era boa… mas deu ruim.

A ideia de Alexander Payne (do bom “Os Descendentes”, de 2011), que assina roteiro, direção e produção, é legal: o planeta Terra não suporta mais as 7 bilhões de pessoas que vivem nele, e os recursos podem acabar. Pensando nisso, cientistas desenvolvem o processo de encolhimento: os humanos ficam com apenas 13 cm de altura e, desta forma, consomem muito menos e produzem muito menos lixo, entre outros benefícios.

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Cena de "Pequena Grande Vida", de Alexander Payne (Foto: Divulgação)

Além disso, o dinheiro dos humanos em “tamanho convencional” aumenta quando eles encolhem: um colar de diamantes, por exemplo, custa uma bagatela de US$ 80. A vida repleta de casas enormes e carros luxuosos parece ser uma escolha fácil.

Paul Safranek (interpretado por Matt Damon) e a mulher, Audrey (Kristen Wiig), estão cansados de viver na pindaíba financeira e optam pelo encolhimento. Só que, depois que o marido já encolheu, Audrey desiste do processo.

Paul se vê, então, sozinho Lazerlândia, a cidade encolhida – todos seus amigos e parentes permaneceram grandes. Lá, ele conhece o vizinho Dusan Mirkovic (Christoph Waltz), um europeu que adora dar festas grandiosas no seu apartamento.

Mas nem tudo são flores na cidade dos pequenos. Paul também conhece a vietnamita Ngoc (Hong Chau, indicada ao Globo de Ouro pelo papel), que perdeu uma perna ao tentar chegar clandestinamente ao lugar. Ela o leva para conhecer a periferia, repleta de pessoas que não têm a vida boa que o processo do encolhimento prometeu.

A ideia do roteiro é boa, toda a teoria do “encolhimento” tem sua lógica sustentável. Mas tudo isso só é legal na primeira hora: “Pequena Grande Vida” tem longas 2h15.

Nesse tempo, você vai levar várias lições de moral, uma atrás da outra: produza menos lixo; se importe mais com quem vive perto de você; um divórcio não é o fim do mundo; ajude as minorias; a diferença entre classes sociais é brutal; esteja disposto a se sacrificar pelo bem do mundo, mas não jogue fora um amor por isso; não julgue seu vizinho rico e extravagante (ele até pode ser legal); um emprego que não parece glamouroso também é um trabalho digno; e por aí vai…

Todas essas lições são importantes? Sim. Todas precisam chegar até você ao mesmo tempo? Não.

Payne se preocupa tanto em passar mensagens que seu roteiro se perde. Os diálogos engraçadinhos não são suficientes para segurar a história. Tampouco as participações de atores talentosos, como Kristen Wiig, Neil Patrick Harris (de “Desventuras em Série”), Laura Dern (de “Big Little Lies”) e Jason Sudeikis.

“Pequena Grande Vida” é um daqueles filmes que parecem não acabar nunca. E o que acaba rapidamente é o interesse do espectador e a identificação com qualquer personagem.

ASSISTA AO TRAILER DE “PEQUENA GRANDE VIDA”