5 por 5: Fabiula Nascimento e Fabrício Carpinejar se entrevistam e falam de arte, pandemia e sentimentos

É a estreia do projeto 5 por 5, que terá personalidades trocando perguntas e respostas entre si


O Culturice convidou a atriz Fabiula Nascimento e o escritor Fabrício Carpinejar para a primeira matéria do projeto 5 por 5, que tem como objetivo estabelecer diálogos ricos e interessantes a partir da conexão entre diferentes áreas, gêneros, experiências e pensamentos.

Sempre teremos a participação de duas personalidades, e cada uma fará 5 perguntas para a outra, sobre qualquer assunto – dá para falar sobre arte, política, filosofia, família, sentimentos, sociedade, o que for. Por isso, a curiosidade não fica apenas em relação às respostas, mas também em saber quais serão os questionamentos elaborados pelos participantes.

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Fabiula Nascimento e Fabrício Carpinejar (arquivo pessoal/Beatriz Reys)

Fabrício Carpinejar é poeta, cronista, jornalista e um dos escritores contemporâneos mais reconhecidos do país. Ele acabou de lançar o livro “Coragem de Viver”, uma homenagem em vida à sua mãe. Possui 46 obras publicadas e acumula mais de 20 prêmios literários, incluindo duas edições do prestigiado Prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Fabiula Nascimento é conhecida em todo o país por suas personagens marcantes em filmes, novelas, peças e séries. No cinema, destaque para a presença em títulos como “Estômago” (2007) e “S.O.S. Mulheres ao Mar” (2014), e, na televisão, conquistou o público em trabalhos como “Avenida Brasil” (2012), “Segundo Sol” (2018) e “Bom Sucesso” (2019). 

Abaixo, leia as duas entrevistas do 5 por 5, nas quais os participantes falam sobre arte, pandemia, sentimentos e outros assuntos. 

 

Fabrício Carpinejar entrevista Fabiula Nascimento

 

Fabrício – Fogos de artifício são o inferno para os cachorros. Qual o seu equivalente, que ensurdece o coração?
Fabiula – Barulhos ininterruptos me levam à loucura. Pessoas que falam umas por cima das outras ou interrompem a fala ferem meu coração.

Fabrício – Qual foi a desistência mais corajosa de sua vida?
Fabiula – Desisti do convívio com meu Pai. Sem culpa e sem mágoa.

Fabrício – Já roubou a personalidade e os trejeitos de um amigo para construir um personagem? Ele ficou de boa?
Fabiula – Sim e foi um sucesso!!! Olenka, minha personagem em “Avenida Brasil”, tinha a personalidade de Katiuscia Canoro [atriz]. Ela, que é minha amiga há quase 20 anos, foi minha grande escola de sotaque e personalidade suburbana carioca. Ela me ensinou tudo!!!

Fabrício – Se fosse uma canção, qual seria? Na voz de quem?
Fabiula – Eu já sou!!! Ahahahahah “Preciso Aprender a Só Ser”, de Gilberto Gil. Todos os dias vivo o presente e aprendo a só ser.

Fabrício – Qual carta de tarô que você tem mais medo (ou respeito)?
Fabiula – O tarô é uma excelente ferramenta de autoconhecimento, e todas as cartas servem para te aconselhar. Não devemos temer o tarô. Mas confesso que, quando abro um jogo e a carta da “Torre” aparece, já fico ligada! Mudanças repentinas, caos, máscaras que caem e todos os avisos que esse arcano traz me apavoram um pouco.

 

Fabiula Nascimento entrevista Fabrício Carpinejar

 

Fabiula – Você se coloca como o protagonista da sua vida?
Fabrício – Ainda me acho melhor como diretor do que como personagem. Mas sei a importância de reunir todas as minhas versões que estão nos olhares da esposa, dos filhos, dos irmãos, dos pais e dos amigos. Veja como os outros o enxergam para não acreditar que está sempre agradando.

Fabiula – O mundo está de ponta-cabeça, estamos passando por inúmeras provações. Quais os pilares que você acredita que sustentarão a sociedade num futuro próximo?
Fabrício – Paciência. Paciência é coragem: não se precipitar, não julgar para se livrar de um incômodo, não abrir exceções pensando que tem privilégios. Ser amigo do tempo para controlar os medos. 

Fabiula – Durante a pandemia, tivemos tempo de sobra pra fazer um pouco de tudo. Quais hábitos você adquiriu e quais abandonou ?
Fabrício – Eu abandonei a sesta, também resultado do excesso de viagens. E passei a cuidar das plantas e me habituar a comer o que não gostava. Incrivelmente, tenho amado verduras. Já compro ingrediente em feiras orgânicas. O próximo passo é uma horta. Venho caprichando também na cozinha. Cozinho de olhos fechados, só com o som das panelas. Exagerei? Somos hipersensíveis no confinamento. 

Fabiula – Sofrimento tem prazo de validade?
Fabrício – Tem. Você não pode sofrer mais do que os próprios fatos. Aliás, devemos entender que o sofrimento é nosso, não de quem nos magoou. Não há como evitar a dor, mas podemos evitar as suas consequências. 

Fabiula – Você tem vontade de escrever um roteiro ou adaptar alguma de suas obras para o cinema?
Fabrício – Vontade, eu tenho. Mas quem que vai cuidar de minhas plantas?