Fabio Porchat e Maitê Proença trocam perguntas e falam sobre Deus, inveja e política

Os artistas participaram da série 5 por 5, que traz personalidades entrevistando personalidades


Agora é a vez de o apresentador, ator e humorista Fabio Porchat e da atriz e escritora Maitê Proença participarem do projeto 5 por 5, do Culturice. Eles trocaram perguntas e respostas e falaram sobre diversos assuntos, como pandemia, inveja, feminismo, Deus e posicionamento político de artistas.

O projeto 5 por 5 tem como objetivo estabelecer diálogos ricos e interessantes a partir da conexão entre diferentes áreas, gêneros, experiências e pensamentos. Sempre teremos a participação de duas personalidades, e cada uma fará 5 perguntas para a outra, sobre qualquer assunto – dá para falar sobre arte, política, filosofia, família, sentimentos, sociedade, o que for. Por isso, a curiosidade não fica apenas em relação às respostas, mas também em saber quais serão os questionamentos elaborados pelos participantes.

5 por 5: Fabiula Nascimento e Fabrício Carpinejar
5 por 5: André Abujamra e Maria Manoella 

Fabio Porchat e Maitê Proença se entrevistam (Ju Coutinho/Dalton Valerio)

Fabio Porchat apresenta os programas “Papo de Segunda” e “Que História É Essa, Porchat?”, ambos no GNT. Um dos humoristas mais famosos do Brasil, ele já participou de filmes, como “Entre Abelhas” e “Meu Passado me Condena”, e é um dos fundadores do Porta dos Fundos. Em 2017, Porchat criou o Prêmio do Humor, que celebra os talentos de maior destaque da comédia teatral no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Maitê Proença é uma das atrizes mais conhecidas e prestigiadas do país, e, atualmente, está no ar nas novelas “O Salvador da Pátria” (1989) e “Da Cor do Pecado” (2004), no canal Viva. Autora de livros como “À Beira do Abismo me Cresceram Asas” e “Entre Ossos Agora”, Maitê criou durante a pandemia o espetáculo digital “O Pior de Mim”. A obra estreou em setembro de 2020 e continua em cartaz pelo Sympla, até 30 de maio. Nela, a artista revisita a história de sua vida desde a infância até os dias de hoje, falando sobre carreira e traumas causados por conturbados acontecimentos familiares.

Fabio Porchat apresenta dois programas no GNT (Reprodução Facebook)

Fabio Porchat entrevista Maitê Proença

 

 

Fabio – O que o século XXI te ensinou?
Maitê – Que estamos no meio da ponte entre um período de verdades absolutas e ideologias salvadoras mas falidas, e uma nova realidade que teremos de construir. É hora de observar e não de conclusões. Também não dá pra se desesperar com a ignorância sobre o presente e o futuro – a gente pegou o bonde da transição. Ainda assim, já deu pra entender que não podemos acumular, que é preciso reutilizar o que existe, que tudo deve ser melhor distribuído e que isso começa no pessoal, que devemos deixar a natureza em paz antes que ela nos engula (e não sem primeiro nos confinar em uma aridez solitária e sem fim). Eu estou olhando em volta e reaprendendo a ser feliz. É possível. Acho até que é um dever: quem está bem espalha bem-estar.

Fabio – Artista tem que se posicionar politicamente?
Maitê – Não no sentido partidário. Porque o artista de verdade precisa do olhar aberto, e esse horizonte comprido e largo não cabe nas normas curtas de partido algum. Mas se o artista tem convicções firmes e sente que aquilo deve ser partilhado, que vá em frente. Nunca pra fazer parte da tropa, e sempre porque simplesmente não deu para calar.

Fabio – O personagem mais importante da sua vida.
Maitê – Sempre fui bastante só. Acho que aprendi muito viajando, com as pessoas simples e sábias que encontrei pelo caminho. Elas me ajudaram sem que eu me desse conta do quanto na hora. Trocamos o que podíamos uns com os outros, usufruí, aprendi, e parti pra nunca mais.

Fabio – O que é Deus?
Maitê – Os indianos não discutem se ele existe ou não. Deus é, acho bonito! Não sei nem quero explicar, gosto do mistério, me dá certa paz pensar que algo mais sensato do que nós está coordenando a maluquice toda.

Fabio – O que é ser feminista?
Maitê – Trazer a mulher para o protagonismo, pra que o mundo se equilibre com melhores escolhas do que as que foram feitas até esse ponto. Vai ser bom pro homem também. E vocês vão poder relaxar um pouco, porque esse negócio de força, membro duro, guerra e discórdia já corta a onda há um punhado de séculos.

Maitê Proença estreou o espetáculo digital “O Pior de Mim” durante a pandemia (Dalton Valerio/Divulgação)

Maitê Proença entrevista Fabio Porchat

 

 

Maitê – Se o mundo fosse acabar amanhã, você teria tempo pra tomar banho? 
Fabio – Não tomaria, mas daria um mergulho no mar.

Maitê – Quando está muito bravo, explode pra fora ou recolhe pra dentro? 
Fabio – Difícil ficar muito bravo, mas sou uma mistura de somatizo tudo (por isso a psoríase) e explodo querendo quebrar algo.

Maitê – Você tem inveja roxa de quem? 
Fabio – Tenho inveja de quem consegue meditar.

Maitê – Já copiou o gestual de algum amigo pra compor personagem? Dá pra contar qual e qual?
Fabio – Eu acho que eu sou uma esponja de todos os trejeitos de pessoas que eu acho engraçadas. Da minha avó ao Marcelo Medici.

Maitê – Como imagina o futuro pós-pandemia? Que hábitos ficarão e quais vão ter que cair? 
Fabio – Máscaras e álcool gel ficarão pra sempre. Egoísmo humano e fake news também.